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Publicada em 12/11/2022 às 10h07
Utilizando técnicas 2D e 3D, cientistas forenses reconstruíram o rosto da primeira múmia egípcia grávida do mundo, mais de 2 mil anos após sua morte. A múmia, conhecida como "A Dama Misteriosa", foi encontrada em 1826, durante uma escavação, e levada do Egito para Varsóvia, na Polônia.
Pesquisadores acreditam que a mulher tenha morrido com 28 semanas de gravidez, aos 20 anos. Recentemente, descobriu-se a probabilidade de que ela estivesse sofrendo de câncer. Segundo os cientistas, esse pode ser o primeiro espécime humano embalsamado conhecido por conter no ventre um bebê ainda não nascido.
Agora, os especialistas usaram seu crânio e outras partes do corpo para revelar como a mulher se parecia enquanto ainda estava viva, no primeiro século A.C..
"Nossos ossos e o crânio, em particular, fornecem muitas informações sobre o rosto de um indivíduo", disse ao tabloide britânico Mirror Chantal Milani, antropóloga forense italiana e membro do Projeto Múmias de Varsóvia.
"Embora não possa ser considerado um retrato exato, o crânio como muitas partes anatômicas é único e mostra um conjunto de formas e proporções que aparecerão no rosto ao ser finalizado."
O corpo da "Senhora Misteriosa" foi encontrado embrulhado em tecido e com um rico conjunto de amuletos para acompanhá-la na vida após a morte.
"O ritual conhecido como 'mumificação' é uma expressão do cuidado dado para preservar uma pessoa para a vida após a morte", de acordo com um post do Projeto Múmia de Varsóvia no Facebook.
"A face que cobre a estrutura óssea segue regras anatômicas diferentes, portanto, procedimentos padrão podem ser aplicados para reconstruí-la, por exemplo, para estabelecer a forma do nariz", explica Chantal.
"O elemento mais importante é a reconstrução da espessura dos tecidos moles em vários pontos da superfície dos ossos faciais. Para isso, temos dados estatísticos de várias populações em todo o mundo."
Artistas forenses
O artista forense Hew Morrison é um dos especialistas que trabalhou na reconstrução do rosto da múmia. Segundo ele, a reconstrução facial é usada principalmente em perícia forense para ajudar a determinar a identidade de um corpo quando os meios mais comuns de identificação, como identificação de impressão digital ou análise de DNA, são inconclusivos.
"Reconstruir o rosto de um indivíduo a partir do crânio é frequentemente considerado o último recurso na tentativa de estabelecer quem ele era. Também pode ser usado em um contexto arqueológico e histórico para mostrar como pessoas antigas ou figuras famosas do passado se pareceriam em vida."
Dr. Wojciech Ejsmond, um arqueólogo da Academia Polonesa de Ciências, disse que muitas pessoas veem as múmias egípcias antigas como "curiosidades".
"Elas tendem a esquecer que já foram pessoas vivas que tiveram suas próprias vidas individuais, amores e tragédias", afirmou. "Era muito importante para os antigos egípcios preservar a semelhança para ajudar a manter a sobrevivência de uma alma e identidade. Então, por um lado, estamos, digamos, 'reumanizando' dados científicos e, por outro, cumprindo o desejo dessas pessoas de não permanecerem anônimas e esquecidas".
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