AFP
Publicada em 08/12/2022 às 11h01
A Áustria anunciou nesta quinta-feira (8) o seu veto à incorporação da Romênia e da Bulgária, dois dos países mais pobres da União Europeia (UE), ao espaço Schengen de livre circulação de pessoas, devido aos possíveis efeitos na migração.
Os ministros do Interior dos países da UE iniciaram nesta quinta, em Bruxelas, uma reunião que inclui em sua agenda o espaço Schengen e o sua ampliação para Romênia, Bulgária e Croácia, uma decisão que deve ser tomada por unanimidade.
Ao chegar ao encontro, o ministro austríaco Gerhard Karner anunciou que seu país vetaria a adesão da Romênia e da Bulgária. "Vou votar contra a extensão do espaço Schengen à Romênia e à Bulgária", afirmou.
A Áustria enfrenta um aumento acentuado nos pedidos de asilo e, portanto, teme que o fim dos controles migratórios nesses dois países permita um aumento ainda maior na chegada de migrantes.
"Este ano registramos mais de 100 mil travessias ilegais na fronteira austríaca", justificou o ministro.
O ministro do Interior espanhol, Fernando Grande-Marlaska, afirmou que seu país apoia a extensão do espaço Schengen à Bulgária e à Romênia, assim como para a Croácia.
O espaço "é um pilar básico da UE e há três países que demonstraram cumprir todos os requisitos para serem membros plenos de Schengen. O apoio da Espanha é firme", afirmou.
O espaço Schengen, implementado em 1995, é o espaço formado por 26 países (22 dos 27 da UE, além de Suíça, Noruega, Liechtenstein e Islândia) onde são abolidos os controles em suas fronteiras comuns.
A incorporação da Croácia parece bem encaminhada. O país também recebeu sinal verde em julho passado para aderir ao euro como moeda única a partir de 1º de janeiro do próximo ano.
- Discussão delicada -
A ministra do Interior alemã, Nancy Faeser, não escondeu sua surpresa com a decisão da Áustria: "Ainda não consigo entender o voto do meu colega austríaco", disse ela.
A Áustria conta com o apoio da Holanda para manter a Bulgária - que faz fronteira com a Turquia - fora de Schengen.
"Para nós, é um 'sim' para a Croácia e é um 'sim' para a Romênia. Mas não concordamos com a [recomendação da] Comissão [Europeia] quando se trata da Bulgária", disse o ministro holandês Eric van der Burg.
No entanto, as candidaturas da Bulgária e da Romênia para aderir a Schengen estão ligadas e devem ser decididas em conjunto, embora a candidatura da Croácia seja considerada separadamente.
A UE endureceu sua posição em relação à migração após um fluxo maciço de solicitantes de asilo em 2015-2016, quando centenas de milhares de sírios fugiram da guerra que devastou seu país.
No entanto, as reformas exigidas pelos chamados países da 'linha de frente' da UE - aqueles que recebem diretamente os fluxos, como Itália, Espanha, Malta e Grécia - se estagnaram.
Antes desta reunião da UE, os ministros do Interior do Reino Unido, França, Alemanha e Holanda se reuniram para discutir a situação criada por embarcações que saem do continente para as costas britânicas.
O ministro do Interior francês, Gerald Darmanin, afirmou que eles concordaram em impulsionar a troca de informações sobre traficantes de pessoas e a cooperação policial.
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