AFP
Publicada em 19/12/2022 às 09h08
Após uma investigação de 18 meses sobre a invasão ao Capitólio dos Estados Unidos no ano passado, os legisladores da comissão de inquérito votam nesta segunda-feira (19) se recomendam acusações criminais contra o ex-presidente Donald Trump e alguns de seus colaboradores mais próximos.
A comissão da Câmara de Representantes entrevistou mais de mil testemunhas e fez audiências públicas explosivas sobre o ocorrido em 6 de janeiro de 2021 e sobre a responsabilidade por esses acontecimentos.
Formado por sete democratas e por dois republicanos, o painel se reunirá às 13h locais (15h em Brasília) para apresentar suas conclusões sobre a investigação do ataque. No episódio, simpatizantes de Trump ocuparam violentamente o Capitólio, sob as falsas alegações de que a eleição presidencial de 2020 foi roubada por Joe Biden.
Os distúrbios deixaram pelo menos cinco mortos e 140 policiais feridos. Cerca de 900 pessoas foram detidas em conexão com a violência que chocou o país e o mundo.
O painel decidirá se recomenda, ou não, que o Departamento de Justiça (DoJ) apresente acusações contra Trump por pelo menos três crimes, de acordo com relatos da imprensa americana. O republicano já é pré-candidato para a corrida presidencial de 2024.
As acusações podem ser por incitação à insurreição, obstrução de um processo oficial do governo e conspiração para fraudar o governo dos EUA, informou a NBC News no domingo (18).
Os representantes não podem autorizar acusações, mas podem recomendar o DoJ a fazer isso. O Departamento já nomeou um procurador especial para investigar o papel de Trump nos distúrbios do Capitólio e seus esforços para derrubar a eleição de 2020.
A votação, amplamente simbólica, não é vinculante, e a decisão caberá ao procurador-geral dos EUA, Merrick Garland. As três acusações que estão sendo consideradas podem resultar na prisão e na inelegibilidade de Trump, que ainda exerce forte influência no Partido Republicano.
"Acho que a evidência está aí. Donald Trump cometeu crimes relacionados a seus esforços para anular a eleição", disse o ex-procurador dos EUA Adam Schiff, representante democrata e membro do comitê de investigação, à CNN.
A Comissão também pode fazer recomendações legislativas para proteger o processo de certificação dos resultados eleitorais. Seu relatório final será publicado na quarta-feira (21).
- 'Democratas, desajustados e valentões' -
Schiff não revelou detalhes sobre as possíveis vinculações criminais contra Trump, nem qual será seu próprio voto. Mas, referindo-se ao ex-presidente no programa "State of the Union" da CNN, afirmou: "Acho que o presidente violou várias leis criminais. E acho que ele tem de ser tratado como qualquer outro americano que infringe a lei, e é isso. Tem de ser processado".
Trump diminuiu, repetidamente, a trabalho do painel da Câmara de Representantes em sua plataforma on-line, a Truth Social, chamando seus membros de "democratas, desajustados e bandidos".
O ex-presidente defende o discurso feito antes dos tumultos de 6 de janeiro e outras de suas ações nesse dia como "suaves e carinhosas". Na data, convocou seus apoiadores a "lutarem como loucos".
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