Rondoniadinamica
Publicada em 31/12/2022 às 09h36
Porto Velho, RO – O Rondônia Dinâmica sempre destacou em todos os seus editoriais, especialmente desde o fim do segundo turno das eleições, que o Brasil não comporta mais golpe de Estado. Reiterou ainda inúmeras vezes que não existe no ordenamento jurídico a figura inventada denominada como “intervenção militar constitucional”, espécie de intepretação terraplanista, digamos assim, do Art. 142 da Carta Magna
Reforçando a concepção, já em meados de 2020, a Secretaria-Geral da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados emitiu parecer técnico deixando claro que o dispositivo “não autoriza intervenção militar”.
Ainda assim um devaneio coletivo foi alimentado tanto por ações quanto em decorrência de omissões. E é preciso esclarecer isto porque a radicalização na unidade federativa batizada com as credencias do humanista Marechal Cândido Rondon evoluiu a um status de radicalização que em muitas situações chegou ao nível do terrorismo doméstico.
Atentados contra veículos de comunicação; incêndios criminosos em caminhões e ônibus de passageiros; derramamento de óleo diesel proposital nas pistas intermunicipais; fechamento das rodovias federais; enfrentamento às autoridades constituídas, como agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a subsequente desobediência às ordens judiciais; e finalmente ameaças de morte ao presidente da República eleito lançadas em grupo de WhatsApp.
Lamentavelmente, a classe política rondoniense silenciou diante dos fatos propiciando, indiretamente, uma esteira permissiva que nutriu o eixo violento, e, embora minoria, esta cota irrisória largou estragos palpáveis, de grande extensão, reais e às vezes irreversíveis.
Lado outro, a culpa, de modo geral, é de Jair Bolsonaro, do PL. Bolsonaro, ao não se manifestar sobre absolutamente nada em dois meses, desde à bancarrota por meio das urnas, deixou seus adeptos mais ferrenhos tomando sol e chuva – e até raio, como ocorreu em Brasília –, diante dos quartéis brasileiros em 26 estados e no Distrito Federal.
É de uma covardia histórica.
A covardia, no caso, diz respeito não a deixar de praticar o golpe tão sonhado por seus vassalos, mas em permitir que estes excursionassem pela imaginação em seus respectivos mundos paralelos pensando que lá pelas tantas as Forças Armadas “agiriam”.
O golpismo nunca foi opção, disse o tristonho Messias, com os olhos marejados, alegando sempre ter jogado “dentro das quatro linhas” e que sua postura não mudaria agora.
Se tivesse dito a mesma coisa no fim de outubro, ou, logo mais, no início de novembro, poderia ter evitado todo esse caos tupiniquim.
Depois de fechar as cortinas, caiu fora para os Estados Unidos dando de ombros aos fãs que terão de juntar os cacos e aprender que no Estado Democrático de Direito não se empurra goela abaixo a vontade de quem quer que seja em detrimento à maioria.
E que no próximo ano os órgãos de fiscalização e controle ajam de maneira enfática a fim de cobrar essa fatura do pandemônio gerado em Rondônia, distinguindo, claro, manifestantes de terroristas, porque há diferença abissal, ainda que os atos políticos pacíficos estivessem estritamente ligados a solicitações de golpe e uma vontade irrefreável de ver reinar no País, de novo, uma ditadura castrense.
O Rondônia Dinâmica deseja a todos os seus leitores um excepcional Réveillon, Feliz Ano-Novo, de paz, saúde, fraternidade e muita luz.
Adeus, 2022.
Que venha 2023!
URL: https://rondoniadinamica/noticias/2022/12/ultimo-ato-de-bolsonaro-como-presidente-e-fugir-para-os-eua-abandonando-o-cargo-e-apoiadores-em-rondonia-e-outros-estados,150150.shtml