RFI
Publicada em 12/01/2023 às 14h57
Na Ucrânia, todos os olhos estão voltados para o Donbass, onde os confrontos continuam em Bakhmout, quase destruída, mas também em Soledar, disputada desde setembro. Segundo a Rússia, a cidade e seu complexo industrial teriam sido tomados, uma informação que Kiev refuta, embora reconheça uma situação instável no local.
A oeste de Soledar, do alto de uma colina, é possível ter um panorama da cidade que, antes da guerra, contava com 10 mil habitantes. Colunas de fumaça que ascendem das ruínas sinalizam os intensos combates entre tropas ucranianas e russas pela tomada do local. Observando a trágica paisagem, o soldado ucraniano Sasha avalia a situação.
"Não faz sentido querer tomar Soledar. Porque se os russos quiserem avançar em direção a outros territórios depois, nossos homens estarão em vantagem. Se eles tentarem chegar em Bakhmut, vão pagar caro", diz à RFI.
Na quarta-feira, o grupo paramilitar Wagner anunciou ter assumido o controle desta pequena localidade conhecida por suas minas de sal na região do Donbass. Logo depois, Kiev desmentiu as informações, assegurando que Soledar "era, é e sempre será ucraniana".
Para o comandante Serhii, essa não é a questão que mais o intriga. O militar diz à RFI se preocupar particularmente com as condições extremas em que se encontram seus homens perto de Bakhmut, outro objetivo dos russos.
"A situação não é estável. Está cada vez mais difícil. Quanto às forças do inimigo, quando eles perdem alguns de seus homens, eles rapidamente os substituem. Se matarmos 100, na mesma noite outros 100 estarão lá. A nosso favor temos prisioneiros russos e tropas de elite", afirma.
Serhii também salienta as dificuldades que seus soldados vivem devido ao frio extremo nesta época do ano: "é mais difícil para cavar as trincheiras e fabricar abrigos". O comandante diz precisar de mais material bélico para fazer os russos recuarem.
Combates intensos
Nesta quinta-feira (12), Kiev garantiu que suas forças estão lutando intensamente para manter o domínio de Soledar. A vice-ministra ucraniana da Defesa, Ganna Mayar, ressaltou que a situação "é difícil".
"A Rússia envia milhares de seus cidadãos para o matadouro, mas estamos aguentando", insistiu Malyar, elogiando "a resiliência e o heroísmo" das forças ucranianas envolvidas nesta batalha que já dura vários meses.
Desde o verão passado, a Rússia tenta assumir o controle desta zona da região de Donetsk, depois de ter sofrido várias derrotas que levaram o presidente Vladimir Putin a mobilizar centenas de milhares de reservistas e a lançar uma campanha de bombardeios contra as infraestruturas energéticas.
Sem dar números, Malyar indicou que as tropas russas que combatem em Soledar, em grande parte mercenários do grupo paramilitar Wagner, "estão sofrendo grandes perdas" em sua tentativa "sem sucesso" de romper a linha de defesa ucraniana. "Os arredores da cidade estão repletos de cadáveres de soldados russos", disse a vice-ministra.
Kiev não revelou o número de soldados mortos e feridos na batalha de Soledar e na vizinha Bakhmut. Na quarta-feira, o conselheiro da presidência ucraniana, Mikhailo Podoliak, citou "perdas significativas".
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