ANSA
Publicada em 12/01/2023 às 15h03
A Itália reiterou nesta quinta-feira (12) sua condenação à insurreição promovida por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro no último domingo (8) e disse que o Brasil sofreu uma "tentativa de golpe de Estado".
As declarações foram dadas por Antonio Tajani, ministro italiano das Relações Exteriores, em audiência sobre as crises no Irã e no Brasil na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados.
"A Itália condena com máxima firmeza quaisquer tentativas de modificar o voto popular com a violência. Na democracia, o confronto é feito nas urnas, e não com assaltos aos palácios das instituições", disse Tajani.
Segundo ele, o mundo assistiu a um "verdadeiro ataque contra as instituições democráticas de um grande país amigo e estratégico para a região latino-americana e para os equilíbrios globais, um país que queremos que permaneça firmemente ancorado nos valores democráticos".
O governo da premiê Giorgia Meloni vinha sendo cobrado pela oposição a expressar um apoio mais claro ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, porém Tajani destacou que a Itália condenou os eventos de domingo "imediatamente".
"A reação foi apreciada pelo próprio presidente Lula, um dos primeiros a dar um like em minhas declarações", ressaltou o ministro, garantindo que a atenção do governo italiano à crise no Brasil "foi e permanecerá altíssima".
"A situação em Brasília voltou a estar tranquila, estão em curso investigações para identificar os responsáveis pela tentativa de golpe de Estado que, por algumas horas, fez vacilar a democracia do grande país sul-americano", disse Tajani, que também é vice-premiê e coordenador do partido conservador Força Itália (FI), do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi.
O ministro ainda alertou que a insurreição em Brasília também é "sinal do risco que a democracia corre quando a sociedade é dilacerada pela polarização", mencionando inclusive uma campanha eleitoral que "não economizou nas demonizações recíprocas".
Além disso, citou que Bolsonaro nunca reconheceu a vitória de Lula explicitamente e reagiu "brandamente aos fatos de domingo, muitas horas depois da invasão às instituições".
"O Brasil é uma democracia grande e forte, com um sistema de voto de vanguarda, instituições fortes, uma magistratura independente, forças armadas que demonstraram fidelidade à Constituição, meios de informação livres e uma sociedade articulada e pulsante", declarou Tajani, ressaltando que o país superou uma "dura prova" no último domingo.
De acordo com o ministro, o governo italiano está comprometido a trabalhar com a nova administração brasileira para "reforçar a parceria estratégica e defender os valores em comum".
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