AFP
Publicada em 08/02/2023 às 15h03
Os Capacetes Brancos, trabalhadores humanitários em áreas controladas por rebeldes na Síria, imploraram à comunidade internacional nesta quarta-feira (8) que envie equipes de resgate para ajudá-los a salvar as pessoas presas sob os escombros após o terremoto devastador de segunda-feira (6).
O número de mortos do terremoto na Turquia e na Síria ultrapassou os 11.700, com mais de 2.600 mortos na Síria, metade deles em áreas controladas por rebeldes no norte e noroeste do país.
Essas áreas próximas à Turquia não contam com a ajuda do governo sírio e muitas vezes dependem da ajuda do governo de Ancara, que agora luta contra a catástrofe em seu próprio território.
"Pedimos à comunidade internacional que assuma a responsabilidade pelas vítimas civis. Precisamos que equipes internacionais de resgate entrem em nossas áreas", disse à AFP Mohammad Al Chebli, porta-voz dos Capacetes Brancos.
"É uma corrida contra o tempo, a cada segundo morre gente sob os escombros (...). Centenas de famílias continuam desaparecidas ou presas sob os escombros", afirma.
Desde o terremoto, mais de 3.300 voluntários dos Capacetes Brancos foram mobilizados, mas sua equipe e equipamentos são insuficientes.
"Não há cães farejadores para determinar sob quais imóveis desabados têm vítimas soterradas", diz Chebli.
Os socorristas trabalham em condições difíceis, no frio e à noite com tochas. São auxiliados pela população local, que tenta remover os escombros com picaretas e pás, e às vezes com as próprias mãos.
Com o passar do tempo, "as chances de salvar pessoas ficam cada vez menores", disse o porta-voz.
- Cada vez menos chances -
"Toda vez que conseguimos tirar pessoas vivas dos escombros, isso nos dá energia e esperança", disse Fatima al-Abid, voluntária dos Capacetes Brancos, à AFP.
Um vídeo que viralizou mostra uma multidão explodindo de alegria enquanto as equipes de resgate retiram duas crianças dos escombros.
"A alegria dos socorristas foi indescritível", disse a voluntária, falando da cidade de Sarmada, na província de Aleppo.
Os Capacetes Brancos recebem financiamento estrangeiro. O Reino Unido anunciou na terça-feira que fornecerá mais 900.000 euros (965.000 dólares) em ajuda. O Egito enviou uma equipe técnica e médicos.
Mais de quatro milhões de pessoas vivem nas áreas rebeldes do norte, perto da Turquia.
A ajuda é distribuída através de uma única passagem de fronteira da Turquia, mas a estrada que leva a essa passagem foi danificada, interrompendo temporariamente as operações de socorro, segundo a ONU.
A área de Idlib, onde vivem cerca de três milhões de pessoas, é controlada pelo grupo jihadista Hayat Tahrir al-Sham (HTS).
Em entrevista coletiva em Idlib nesta quarta-feira, um funcionário do setor de saúde da região, Hussein Bazar, declarou que "a região precisa urgentemente de todos os tipos de ajuda médica".
"A situação em Idlib e nas áreas liberadas é catastrófica (...) e não podemos mais fornecer assistência médica às pessoas que precisam", disse ele.
De acordo com os Capacetes Brancos, que também cuidam dos enterros das vítimas, os necrotérios dos hospitais ultrapassaram sua capacidade.
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