G1
Publicada em 27/03/2023 às 08h51
Israelenses protestam contra o plano de revisão judicial do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu na frente do parlamento, em Jerusalém — Foto: Ariel Schalit / AP Photo
O aeroporto de Tel Aviv, o principal de Israel, suspendeu nesta segunda-feira (27) os voos e operações em terra por conta de fortes protestos nos arredores contra a reforma do Judiciário do governo.
O país vive uma das maiores tensões internas de sua história por conta de uma reforma do Judiciário que o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, quer implementar e que, entre outros pontos, determina que o Parlamento pode alterar decisões do Tribunal Supremo do país.
O aeroporto Ben Gurion, em Tel Aviv, o principal de Israel, cancelou todos os voos por causa dos protestos, segundo a imprensa local.
Uma greve foi convocada pelo chefe do sindicato Histadrut de Israel, Arnon Bar-David. A Associação Médica de Israel e a Federação de Autoridades também anunciaram adesão à paralisação, também de acordo com a mídia israelense.
O governo de Netanyahu sobreviveu nesta segunda a uma moção de censura no Parlamento. A moção - um recurso de regimes parlamentaristas através do qual os deputados podem retirar um primeiro-ministro do cargo foi rejeitada por 60 deputados. Outros 51 votaram a favor. Com isso, o Parlamento deu aval para que Netanyahu siga no cargo.
Mais manifestantes saíram as ruas da capital israelense e de Jerusalém. Os protestos chegaram, inclusive, perto da casa de Netanyahu, e nos arredores do aeroporto Ben Gurion, cujas operações foram suspensas, informa a imprensa local.
A reforma de Netanyahu tem angariado cada vez mais críticos, que alegam que a subordinação do Judiciário ao Parlmento coloca em risco o caráter democrático do Estado.
Diante dos novos protestos, Benjamin Netanyahu pediu aos manifestantes que protestem sem violência. Mas não se pronunciou sobre o texto da reforma. "Apelo a todos os manifestantes em Jerusalém, à direita e à esquerda, para se comportarem com responsabilidade e não agirem com violência. Somos pessoas fraternas", declarou.
No domingo (26), Netanyahu exonerou o ministro da Defesa, Yoav Galant, que no sábado (25) havia pedido uma pausa de um mês no controverso processo de reforma judicial, impulsionado pelo governo.
Em um discurso na noite de sábado, o ministro exonerado, que pertence ao mesmo partido de Netanyahu, o conservador Likud, disse temer que a divisão sobre a reforma crie uma "ameaça real para a segurança de Israel".
Desde que o governo Netanyahu, um dos mais à direita da história de Israel, apresentou o projeto de reforma judicial, em janeiro, o país está dividido e há manifestações contrárias a cada semana.
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