RFI
Publicada em 19/04/2023 às 09h14
A ONU anunciou nesta quarta-feira (19) que a população indiana irá ultrapassar a chinesa até meados de 2023. Por trás da estimativa, há grandes desafios para um país com infraestrutura precária e empregos insuficientes para seus milhões de jovens.
Até junho, a Índia deverá alcançar 1,428 bilhão de habitantes, superando a marca de 1,425 bilhão da China. Os dados constam do último relatório do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) sobre o Estado da População Mundial.
A China tem sido historicamente considerada a nação com maior população do mundo desde a queda do Império Romano. Mas a quantidade de chineses diminuiu no ano passado - pela primeira vez desde 1960 - segundo informações divulgadas há alguns meses por Pequim.
Muitos especialistas atribuem o fenômeno ao aumento do custo de vida na China, assim como ao maior número de mulheres no mercado de trabalho e com ensino superior. Além da queda da taxa de natalidade, o declínio demográfico também é explicado pelo envelhecimento da população.
Pequim acabou em 2016 com sua rígida política de apenas um filho por família, imposta na década de 1980 em meio a temores de uma superpopulação. Em 2021, o país passou a permitir que os casais tenham até três filhos. No entanto, as medidas parecem não ser suficientes para estancar a contínua diminuição da população.
O governo chinês afirmou nesta quarta-feira que "aplica uma estratégia nacional para responder ativamente ao envelhecimento da população, promove a política de três filhos com medidas de apoio e responde ativamente às mudanças no desenvolvimento populacional".
"O dividendo demográfico da China não desapareceu, o dividendo de talento está tomando forma e o estímulo ao desenvolvimento continua forte", disse o porta-voz da diplomacia do país, Wang Wenbin.
Desafios na Índia
De acordo com o Pew Research Centre, a população indiana aumentou em mais de um bilhão de pessoas desde 1950, ano em que a ONU começou a compilar dados populacionais. No entanto, a Índia não possui dados recentes sobre o número de habitantes porque o país não realiza um censo populacional desde 2011. A contagem estava programada para ocorrer em 2021, mas teve de ser adiada devido à pandemia de Covid-19.
Atualmente, o país enfrenta obstáculos logísticos e a relutância política para a realização de um novo censo, o que torna improvável a organização de uma contagem populacional a curto prazo.
Os críticos acusam o governo de adiar deliberadamente o censo para ocultar informações polêmicas, como a taxa de desemprego, antes das eleições nacionais de 2024. A economia indiana, sob o governo do primeiro-ministro Narendra Modi, pena para oferecer emprego aos milhões de jovens que entram na força de trabalho a cada ano. Metade da população do país tem menos de 30 anos.
O governo também enfrenta o desafio de conseguir levar energia elétrica, alimentar e oferecer moradia para a população cada vez maior.
Mais de 8 bilhões de pessoas no mundo
Segundo o relatório do UNFPA, a população mundial atingirá 8,045 bilhões de pessoas nos próximos meses. Enquanto a Índia enfrenta desafios por conta do aumento da população, outros países, principalmente na Europa e Ásia, registram a tendência de declínios demográficos nas próximas décadas.
Oito nações de mais de 10 milhões de habitantes, a maioria na Europa, registraram queda no número de habitantes na última década. O Japão enfrenta um declínio devido ao envelhecimento de sua população, o que provocou uma redução de três milhões de habitantes entre 2011 e 2021.
Dados da ONU publicados em julho do ano passado antecipam como será a população mundial até o ano 2100. A população da África é a que mais deve crescer, com uma previsão de aumento de 1,4 bilhão atualmente para 3,9 bilhões daqui a 77 anos. O continente abrigará 38% da população mundial, muito acima dos 18% atuais.
A ONU também prevê que a população do planeta em seu conjunto diminuirá na década de 2090, após atingir o pico de 10,4 bilhões.
URL: https://rondoniadinamica/noticias/2023/04/india-se-tornara-o-pais-mais-populoso-do-mundo-ate-meados-de-2023,158762.shtml