SINTERO
Publicada em 22/04/2023 às 08h28
Entre 11:00 e 12:00 horas do dia 21 de abril de 1792, no antigo Largo da Lampadosa atual Praça Tiradentes no centro do Rio de Janeiro, então capital colonial do Brasil, Joaquim José da Silva Xavier foi executado na forca e seu corpo esquartejado por ordem da Rainha Maria I, conhecida como Maria Louca. Para dar maior visibilidade ao evento no intuito de intimidar a população a se insurgir contra a coroa portuguesa, o cortejo atravessou o centro do Rio. No dia seguinte seu corpo foi salgado e enviado para diversas paragens da Estrada Imperial entre o Rio de Janeiro e Minas Gerais. Seu crime? Participante ativo e um dos líderes, foi o único que assumiu sozinho a liderança da insurreição, a Inconfidência Mineira, movimento separatista organizado em 1789, e com influência das ideias Iluministas vinda da Europa, a conjuração ocorreu na Capitania de Minas Gerais e questionava o alto custo dos impostos (Derrama) e o próprio domínio português.
Foi um dos mais importantes movimentos sociais da História do Brasil e precursor de outros movimentos libertários e da luta do povo brasileiro para se livrar do jugo e da opressão do governo português. Não gosto da expressão e referência ao nosso povo como um povo conformado e submisso e que sempre se procurou vender. Na atualidade, esse rótulo se encaixa perfeitamente a uma parcela da sociedade que atrelada de uma forma fecunda e danosa ao submundo do poder, mantém seus privilégios sem permitir que a grande massa populacional tenha sequer o acesso a comida para sua sobrevivência. No entanto, basta fazer uma garimpagem sobre os acontecimentos históricos de nosso país para encontrar um povo que se levantou contra a dominação e exploração. Já no período monárquico vários movimentos e episódios explodiram em defesa da soberania nacional e contra a opressão política: a Confederação do Equador em 1824 e que teve como líder Frei Caneca, executado assim com Tiradentes, a Cabanagem no Pará, de 1835 a 1840, com as forças repressoras da coroa matando a metade da população da província, a Guerra dos Farrapos no Sul do Brasil em 1835 e também sufocada pelas forças imperiais, a Sabinada na Bahia em 1837, a Balaiada no Maranhão iniciada em 1838, a Revolução Praieira de 1848 e outras revoltas e conflitos que ocorreram durantes os séculos de dominação europeia.
Não podemos esquecer as lutas dos escravos, que nada mais eram que carvões nas moendas dos senhores de engenhos e a resistência indígena por suas terras e pela sobrevivência de suas línguas, estruturas sociais e religiosidades.
Mesmo no início de nossa vida republicana a Guerra de Canudos em 1896 e 1897 também retratou um povo marcado pela extrema miséria que vivia no sertão nordestino, seguiu seu líder religioso Antônio Conselheiro e fundaram o Arraial de Canudos reunindo 25 mil habitantes. É preciso lembrar que a mudança de regime político não significou mudanças significativas na economia do País. A estrutura econômica do Brasil funcionava com base no latifúndio, onde predominava a monocultura e a exploração da mão de obra que vivia na miséria. Como os republicanos/militares os consideravam uma ameaça, o movimento foi aniquilado.
Tiradentes precisa ser lembrado como um herói nacional dentro de um contexto histórico que marca os quase quatro séculos de dominação estrangeira em nosso país e em nosso território. Ele não é apenas um símbolo de uma República nascente para pseudo-justificar o surgimento de uma nova era. Ele, assim como tantos outros anônimos que ousaram gritar em afrontar a dominação política estrangeira, uma nobreza parasitária e uma oligarquia que se apossou de nossas riquezas, precisam servir de inspiração para o nosso povo em nossa luta por direitos e liberdades!! Ave Tiradentes o símbolo de resistência de nosso povo!!!
Texto de autoria do professor e diretor do Sintero - Regional Mamoré, Alex Duarte do Espírito Santo.
URL: https://rondoniadinamica/noticias/2023/04/o-dia-21-de-abril-e-a-historia-do-brasil,158989.shtml