Waldir Costa / Rondônia Dinâmica
Publicada em 22/04/2023 às 11h05
A economia brasileira é refém do transporte rodoviário. Desde o governo do presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, na década de 60, que o sistema ferroviário, que predominava nos principais Estados do País, perdeu espaço e assim continua. Apesar da disposição (sic) dos últimos governos em investir em ferrovias, os projetos estão em ritmo de tartaruga, de bicho preguiça.
O Brasil é um País continental, maior produtor de alimentos do mundo, único com terras férteis e produtivas o ano todo. Se hoje já responde por significativa parcela, talvez a maior, na alimentação mundial, no futuro, não muito distante, terá uma responsabilidade, ainda maior, pois não há povo, que sobreviva sem alimentos.
Rondônia tem pouco mais de 40 anos de emancipação político-administrativa, mas está entre os cinco maiores produtores de gado de corte do Brasil, e caminha rapidamente para os primeiros lugares na produção de grãos (soja, milho, café). Aqui não tem geadas, as terras são férteis, o clima favorece, o povo continua sendo um “destemido pioneiro”, como diz parte do Hino de Rondônia e tem economia a cada dia mais fortalecida.
Apesar de sua força econômica, seu potencial no agronegócio, o desenvolvimento só não é maior, porque não temos estradas em condições de atender a demanda da produção agropecuária crescente e permanente sem depredação da natureza, a não ser ações de grileiros travestidos de produtor rural, que agridem a selva amazônica com a conivência de autoridades e proteção de organizações internacionais.
Sem ações concretas do governo federal para conter a ação marginal, não somente no desmatamento, mas também na exploração ilegal do ouro, da cassiterita, do diamante, do nióbio e de tantas outras riquezas minerais de Rondônia e da Amazônia, que estão sob controle de Ongs internacionais, que mandam e desmandam na maior floresta tropical do mundo, o desmatamento e invasões de terras continuarão.
A cidade de Manaus, uma das capitais mais importantes do mundo depende da aviação e do transporte fluvial para se conectar com outros Estados brasileiros. A BR 319, que liga Manaus a Porto Velho, em Rondônia, que já foi asfaltada tem menos de 900 quilômetros. Na década de 90, era possível embarcar em um ônibus em Porto Velho no início da noite e amanhecer em Manaus. Hoje, o ”meião” da 319 (cerca de 400 km) onde o asfalto se acabou há anos está sem condições de tráfego devido às chuvas do período de inverno amazônico (chuvas durante seis meses), o descaso do governo federal e conivência da bancada federal (senadores e deputados) de Rondônia e do Amazonas, Manaus está isolada por via terrestre.
Além da 319, o descaso federal com a BR 364, no trecho entre Vilhena a Porto Velho, de aproximadamente 700 quilômetros é revoltante. Todos os anos no período de inverno amazônico, que está chegando ao fim, a rodovia fica com vários trechos comprometidos, pois foi construída na década de 80 e o alicerce não tem condições de suportar o volume de tráfego atual, com cerca de 2,5 mil veículos de transporte pesado/dia, mais os carros de passeio.
Todos os anos, após as chuvas ocorre o mesmo procedimento demagógico, com as empreiteiras realizando o tapa-buracos, um paliativo, que antes mesmo da chegada do período chuvoso, a pista já está danificada. Isso só interessa as empreiteiras, que todos os anos fatura alto, tapando buracos e não restaurando a BR desde o alicerce que não tem suporte para atender a demanda de veículos atual.
Além de sérios prejuízos para a economia regional e nacional, várias famílias foram – e continuarão– enlutadas devido ao elevado índice de acidentes, a maioria com vítimas fatais em razão da pista danificada e sem condições de atender o enorme –e crescente– volume de tráfego pesado.
No período de safras de grãos (soja, milho, café), além de a maior parte da produção de Rondônia ser exportada pelo porto graneleiro de Porto Velho, no rio Madeira, a soja e o milho de várias regiões do Mato Grosso também utilizam o porto da capital rondoniense para exportação. Sem uma BR com tráfego seguro o ano todo fica difícil escoar a produção de grãos pelo o rio Madeira, com frete bem mais em conta.
Desde a posse do novo presidente, Lula da Silva (PT) é possível acompanhar deputados e senadores trocando acusações, ameaçando se estapearem, mas nenhum da região preocupado com as nossas principais rodovias federais, a 364, na ligação Vilhena a Porto Velho e a 319, única ligação rodoviária com Manaus. O Congresso Nacional tem que ser proativo, priorizar a população, que paga salários fora da realidade do patamar de vida do povo brasileiro, além das mordomias, de forma compulsória, onde nem o assalariado e o aposentado têm isenção.
O Brasil passa por momento delicado, onde o poder Executivo não governa, o Legislativo não legisla e o Judiciário, mantém a venda nos olhos. Enquanto isso o Supremo Tribunal Federal (STF) “governa” o País, através de canetadas do poderoso ministro Alexandre de Moraes e generais oportunistas como Gonçalves Dias, do GSI, que comandou ações de violência quando deveria combate-las na invasão de 8 de janeiro ao Poderes da República em Brasília. Enquanto dezenas de pessoas estão presas, a maioria sem nem saber o porquê, o agora, ex-ministro, deixa o cargo e fica o dito pelo não dito. No mínimo também deveria ser preso.
As leis no Brasil não são para todos. E o ditado popular “faça o que eu digo não faça o que eu faço” é uma triste realidade. Pobre povo de um País rico.
URL: https://rondoniadinamica/noticias/2023/04/br-364-tomada-pelos-buracos-e-a-319-sem-condicoes-de-trafego,159029.shtml