RFI
Publicada em 09/05/2023 às 09h02
Treze palestinos, incluindo três líderes da Jihad Islâmica, mas também crianças, foram mortos na terça-feira (9) antes do amanhecer em ataques aéreos israelenses na Faixa de Gaza, segundo autoridades locais. As incursões, menos de uma semana após o anúncio de uma trégua entre Israel e os combatentes da Jihad Islâmica em Gaza, levantam temores de uma nova espiral de violência.
Os militares israelenses pediram aos israelenses moradores em um raio de 40 km ao redor do território que permaneçam perto de um abrigo, em caso de disparo de foguetes palestinos.
De acordo com o Exército israelense, os ataques mobilizaram 40 aviões e visaram em particular três comandantes das Brigadas Al-Quds, o braço armado da Jihad Islâmica, na própria Gaza e em Rafah, na fronteira com o Egito.
"Atingimos os objetivos que queríamos alcançar", disse o porta-voz militar Richard Hecht a repórteres.
A Jihad Islâmica, movimento que Israel, a União Europeia e os Estados Unidos qualificam de "terrorista", confirmou em comunicado a morte de três dirigentes.
Eles foram identificados como Jihad Ghannam, chefe das Brigadas Al-Quds para a Faixa de Gaza, Khalil Al-Bahtini, membro do mesmo conselho e comandante das Brigadas do norte do território, e Tareq Ezzedine, "um líder da ação militar" do movimento na Cisjordânia ocupada, que coordenou a partir de Gaza.
Os ataques deixaram 13 mortos, incluindo quatro crianças, e cerca de 20 feridos, segundo o Ministério da Saúde em Gaza, território controlado pelo movimento islâmico palestino Hamas.
Uma semana após a última rodada de violência, relacionada com a morte de um detento palestino em greve de fome e com os disparos de cem foguetes de Gaza, é o início de uma nova operação militar que os israelenses chamaram de "Shield and Arrow" (Escudo e Flecha), relata o correspondente da RFI em Jersulasém, Michel Paul.
"Sob fogo"
Um fotógrafo da AFP viu o corpo de Ghannam no necrotério de um hospital em Rafah. Na própria Gaza, um jornalista da AFP viu o topo de um prédio de apartamentos destruído e o corpo de um menino no necrotério do hospital Al-Shifa.
"Fizemos o máximo possível para visar" os ataques contra as lideranças, disse o tenente-coronel Hecht em resposta a uma pergunta sobre mortes de crianças. "Se houve mortes trágicas, vamos investigá-las", afirmou.
Condenando a ação como um "crime sionista covarde", a Jihad Islâmica prometeu que "a resistência vingará os líderes" mortos.
Daoud Chehab, líder do movimento em Gaza, garantiu que "todas as cidades e assentamentos israelenses" estarão "sob fogo", enquanto um porta-voz do Hamas, Hazem Qassem, disse à AFP que Israel tem "responsabilidade pelas consequências dessa escalada".
Os ataques começaram pouco depois das 2h00, pelo horário local, e duraram quase duas horas, segundo os jornalistas da AFP.
Eles acontecem menos de uma semana após o anúncio de um cessar-fogo, no final de uma nova escalada de violência de menos de 48 horas entre o exército israelense e a Jihad Islâmica na sequência da morte, numa prisão de Israel, de um líder da organização em greve de fome.
Um palestino morreu e pessoas ficaram feridas na cidade israelense de Sderot após rajadas de foguetes palestinos.
Incursão em Nablus
O exército de Israel apresenta Ghannam como "um dos líderes mais importantes" da Jihad Islâmica e afirma que Al-Bahtini foi "responsável por disparar foguetes contra Israel" nos últimos 30 dias.
Quanto a Ezzedine, os militares israelenses afirmam que "ele planejou (e coordenou) recentemente vários ataques contra civis israelenses" na Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel desde 1967, e que foi condenado a 25 anos de prisão em Israel por "envolvimento" em ataques suicidas, em particular, na década de 2000.
Originário de Jenin, no norte da Cisjordânia, Ezzedine foi liberto após uma troca de prisioneiros em 2011 e deportado para Gaza.
Desde o início do ano, pelo menos 121 palestinos, 19 israelenses, um ucraniano e um italiano foram mortos em atos de violência ligados ao conflito israelo-palestino, segundo contagem da AFP compilada a partir de fontes oficiais israelenses e palestinas.
Essas estatísticas incluem, do lado palestino, combatentes e civis, inclusive menores, e do lado israelense, principalmente civis, incluindo também menores, e três integrantes da minoria árabe.
Na Cisjordânia, o exército realizou um ataque matinal em Nablus (norte). Um menino de 14 anos foi baleado pelas forças israelenses e hospitalizado, segundo o ministério da Saúde palestino.
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