Metrópoles
Publicada em 20/06/2023 às 14h47
A Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou que a restrição dos direitos de mulheres e meninas desde que o Talibã assumiu o poder no Afeganistão, em 2021, pode ser considerada como “apartheid de gênero”. A denúncia consta em um relatório apresentado nessa segunda-feira (19/6), na 53ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, realizada em Genebra.
“Mulheres e meninas no Afeganistão estão sofrendo discriminação severa que pode equivaler a perseguição de gênero – um crime contra a humanidade – e ser caracterizada como apartheid de gênero, já que as autoridades de fato parecem estar governando por discriminação sistêmica com a intenção de sujeitar mulheres e meninas a dominação total”, afirmam os especialistas responsáveis pelo documento.
Desde que o Talibã assumiu o poder no país, após os Estados Unidos retirarem suas tropas, os direitos de mulheres no Afeganistão foram restritos. Hoje, muitas afegãs estão impedidas de ter acesso a coisas básicas como educação, trabalhar fora de casa, o uso de métodos contraceptivos, além de serem obrigadas a utilizarem o hijab.
Segundo o relatório, a situação provocou um declínio na saúde mental feminina no Afeganistão. Uma pesquisa com 2.112 mulheres mostrou que quase 50% das entrevistadas conheciam pelo menos uma outra que sofria de ansiedade ou depressão desde que o grupo fundamentalista retornou ao poder no país.
Em conversa com repórteres, o relator especial da ONU sobre a situação dos direitos humanos no Afeganistão, Richard Bennett, pediu que a questão do apartheid de gênero seja vista com maior atenção para que responsáveis sejam punidos.
“Apontamos para a necessidade de mais exploração do apartheid de gênero, que atualmente não é um crime internacional, mas pode se tornar”, disse Bennett.
Talibã rejeita denúncias
Após a divulgação do documento, o principal porta-voz do Talibã rejeitou as críticas ao atual governo afegão, e chamou as denúncias de “propaganda” do Ocidente.
“Existe uma extensa propaganda contra o Emirado Islâmico por parte das Nações Unidas e algumas outras instituições e governos ocidentais”, afirmou Zabihullah Mujahid no Twitter. “O relatório de Richard Bennett sobre a situação no Afeganistão é uma parte dessa propaganda que não corresponde aos fatos”.
No Afeganistão, o Talibã implementou a Sharia, uma lei baseada na interpretação radical do Islã, desde que reassumiu o poder. O governo é constantemente alvo de críticas sobre o enfraquecimento dos direitos humanos no país.
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