Waldir Costa / Rondoniadinamica
Publicada em 15/07/2023 às 11h00
A chegada da internet possibilitando a conexão com o mundo em fração de segundos mudou todos os conceitos de comunicação. Se hoje é possível conectar de forma global e instantaneamente, inclusive com a possibilidade de exterminar o planeta com o apertar de um botão, o mesmo não ocorre em segmentos aparentemente simples, mas de enorme complexidade devido à falta de empenho das nossas autoridades, que ignoram algumas áreas que refletem diretamente no dia-a-dia das pessoas.
Em Rondônia, assim como na maioria dos demais estados e outros países a violência, a criminalidade, o apego às drogas, trânsito caótico e violento predominam. Estado com pouco mais de 40 anos de emancipação político-administrativa, de enorme potencial agrícola e pecuário, além de favorecido com riquezas naturais (ouro, cassiterita, nióbio, diamante, água abundante), de solo fértil e clima privilegiado Rondônia é uma das poucas, se não a única fronteira econômica do País.
A situação de violência e criminalidade vem num crescente. Diariamente pessoas são executadas em Porto Velho e nas principais cidades do interior: Ji-Paraná e Vilhena principalmente, além da Ponta do Abunã, distrito de Porto Velho.
Devido ao elevado volume de execuções no Estado, não estaria descartada a ação do Esquadrão da Morte (*), que aterrorizou o Brasil na década de 60. Diariamente pessoas são executadas, inclusive à luz do dia, em áreas centrais de Porto Velho, por exemplo. Uma motocicleta com duas pessoas, para ao lado da vítima e o carona saca geralmente de uma pistola e descarrega, preferencialmente na cabeça da pessoa, que geralmente tem passagem pelo mundo do crime.
O que preocupa é que não há uma ação efetiva das polícias (Militar e Civil), que respondem (ou deveriam responder) pela segurança das pessoas que consiga conter a onda crescente de execuções. As facções aumentam não somente o número de integrantes, mas de segmentos criminosos. A violência é crescente e assustadora, pois nem mesmo em casa se tem a garantia de segurança.
Em Porto Velho, a droga mais consumida nas décadas de 90 e 2000 era a merla (derivado da cocaína), que desapareceu. Hoje a cocaína, crack, ecstasy predominam com distribuição explícita. Compra-se até pela internet.
Interessante é que nas delegacias de polícias e na PM, sabem onde ficam as conhecidas “bocas de fumo”. Inclusive quantas em cada bairro, região, e quem são os “chefões”. Se sabem onde estão as “bocas”, por que não as fecham, além de mantê-las fechadas e prenderem quem estiver operando? Certamente quebrariam os traficantes.
É uma pergunta sem resposta pelas nossas autoridades, seja policial ou judiciária.
O elevado número de dependentes químicos pelas ruas de Porto Velho também é preocupante. Basta circular pela área central, pela manhã, principalmente, e notar o número elevado de dependentes químicos, mendigos, dormindo nas portas dos estabelecimentos comerciais. A capital precisa de amplo e viável projeto social para resolver a situação, que é gravíssima.
Também não há como negar de a dependência química em Porto Velho das pessoas de maior poder aquisitivo. Rondônia já foi um corredor de cocaína oriunda da Bolívia para outros Estados e até países. Hoje é um centro consumidor, inclusive com laboratórios de refino.
Um exemplo –negativo, lógico– são os furtos como nas Lojas Americanas no centro de Porto Velho, que foi “visitada” pelos amigos do alheiro cinco vezes em uma semana, inclusive em horário comercial. Os marginais estão cada vez mais abusados.
Outro problema sério de Porto Velho, é o trânsito violento, caótico, confuso. Semáforos, faixas de segurança, placas de sinalização não existem para motoqueiros, principalmente. Circular pela cidade em horários de pico é uma aventura com enorme chance de se envolver em acidente, pela pressa de boa parte dos motoristas e negligência da maioria dos motoqueiros, que ultrapassa pela direita, não respeita placas de sinalização e nem semáforos, além de velocidade excessiva.
Hoje a capital não tem os policiais de trânsito, que trabalhavam com motocicletas e em horários de pico (manhã, hora do almoço e à tarde). Ficavam postados nos semáforos e locais de maior movimentação observando, controlando o trânsito, multando e apreendendo o veículo, quando necessário. Hoje os agentes de trânsito (não temos policiais no segmento) passeiam em veículos com ar-condicionado e, em alguns casos ficam embaixo de árvores, multando, nunca organizando, orientando.
O Detran, importante órgão arrecadador do Estado já foi mais presente. Há tempos não ocorrem blitze educativas, não somente nas ruas e avenidas das cidades, mas nas escolas, para que as crianças, os jovens, cresçam aprendendo que no trânsito é necessário ser educado e conhecedor das regras.
A violência no trânsito também afeta o atendimento no Pronto Socorro João Paulo II, na capital, onde cerca de 60%, ou mais, dos casos, são oriundos de acidentes, prevalecendo as motocicletas. E com o agravante de Porto Velho ser a única capital do país, que não tem um Pronto Socorro Municipal.
(*) O Esquadrão da Morte foi uma organização paramilitar surgida no final dos anos 1960 cujo objetivo era perseguir e matar pessoas tidas como perigosas para a ditadura militar. Começou no antigo estado da Guanabara comandado pelo detetive Mariel Mariscot, um dos chamados "12 Homens de Ouro da Polícia Carioca", e se disseminou por todo o Brasil. Em geral, os seus integrantes eram políticos, membros do Poder Judiciário, policiais civis e militares e era mantida, via de regra, pelo empresariado.
URL: https://rondoniadinamica/noticias/2023/07/violencia-criminalidade-drogas-e-transito-caotico-em-rondonia,165983.shtml