Noticia ao Minuto - Portugal
Publicada em 06/09/2023 às 15h08
Os incidentes neste país de maioria albanesa muçulmana se prolongaram por várias semanas e eclodiram no norte, onde se concentra a minoria sérvia, no decorrer de protestos que provocaram dezenas de feridos, incluindo entre as forças multinacionais.
“A situação está calma, mas a situação pode se deteriorar muito rapidamente, e por isso precisamos de uma solução política”, declarou à mídia o general Angelo Ristuccia, comandante da Kfor no terreno.
“A situação permanece particularmente instável”, acrescentou.
Diante do aumento da tensão, a Kfor decidiu reforçar suas tropas, para um total de 4.500 efetivos.
A União Europeia, envolvida há vários anos em uma tentativa de normalização das relações entre o Kosovo e a Sérvia, deve reunir novamente as duas partes durante a próxima semana.
Para o general Ristuccia, cujo mandato na liderança da Kfor termina em outubro, “uma multitude de assuntos” devem ser resolvidos através do diálogo político.
“Minha preocupação é que o mais insignificante acontecimento pode originar uma situação difícil”, acrescentou.
A instalação pelo governo kosovar de prefeitos de origem albanesa nas quatro cidades do norte - onde são majoritários os sérvios, que optaram pelo boicote às eleições de abril passado - desencadeou diversos incidentes violentos.
Os sérvios locais, com o apoio de Belgrado, condicionam sua participação nas eleições à retirada dos prefeitos albaneses sem representatividade e da polícia especial kosovar, além da formação de uma associação de municípios sérvios na sequência do acordo de Bruxelas de 2013, que Pristina tem recusado aplicar.
Belgrado nunca reconheceu a secessão unilateral do Kosovo - sua antiga província do sul e considerada o berço de sua nacionalidade e religião - proclamada em fevereiro de 2008 na sequência de uma guerra iniciada por uma rebelião armada albanesa em 1997 que provocou 13.000 mortos, na maioria albaneses, e motivou uma intervenção militar da OTAN contra a Sérvia em 1999, à revelia da ONU.
Desde então, a região tem registrado conflitos esporádicos entre as duas principais comunidades locais, num país com um terço da superfície do Alentejo e cerca de 1,7 milhões de habitantes, na larga maioria (perto de 90%) de etnia albanesa e religião muçulmana.
O Kosovo independente foi reconhecido por cerca de 100 países, incluindo os Estados Unidos, que mantêm forte influência sobre a liderança kosovar, e a maioria dos Estados-membros da UE, à exceção da Espanha, Romênia, Grécia, Eslováquia e Chipre.
A Sérvia continua a considerar o Kosovo como parte integrante de seu território e Belgrado beneficia do apoio da Rússia e da China, que à semelhança de dezenas de outros países (incluindo Índia, Brasil, África do Sul ou Indonésia) também não reconheceram a independência do Kosovo.
Os dois países negociam a normalização das relações baseada num novo plano da UE, apoiado pelos Estados Unidos, com seu roteiro acordado por Belgrado e Pristina em março passado, mas que a permanência das tensões arrisca comprometer definitivamente.
URL: https://rondoniadinamica/noticias/2023/09/-chefe-de-forcas-da-otan-no-kosovo-define-situacao-como-instavel,170516.shtml