Metrópoles
Publicada em 20/10/2023 às 09h03
Em Rafah, cidade fronteiriça ao sul da Faixa de Gaza, a expectativa é pela recepção dos primeiros caminhões com ajuda humanitária. Nesta sexta-feira (20/10), o Egito deve abrir a fronteira para abastecer os palestinos com recursos de primeira necessidade, como alimentos, combustíveis e medicamentos. A região enfrenta crise humanitária diante do cerco promovido por Israel.
A permissão de entrada de suprimentos na Palestina foi anunciada, nessa quarta-feira (18/10), pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. Esse primeiro recuo ao cerco imposto em 9 de outubro atende a uma pressão do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
Uma vez que a abertura não dependeria somente do lado israelense, as tratativas se voltaram também ao governo egípcio. Ainda nessa quarta (18/10), Biden anunciou ter conversado com o governo egípcio, que concordou com a liberação de 20 caminhões para cruzar a fronteira.
A ajuda ainda é limitada, mas arrefece a crise momentaneamente. Israel e Egito, porém, anunciaram que a entrada de ajuda na Faixa de Gaza fica condicionada ao grupo Hamas não ter acesso aos suprimentos. Caso contrário, é esperado um revés, com retomada do cerco à região.
A liberação da entrada dos caminhões, no entanto, não representa a criação de um corredor humanitário, que consiste em uma zona livre de ataques para retirada de civis e chegada de ajuda.
Ajuda limitada
Ainda que ajude a aliviar a situação, a abertura da fronteira para a entrada dos primeiros veículos não é suficiente para abastecer a população de mais de 2 milhões de habitantes. Paralelamente, mais de 100 caminhões aguardam liberação para cruzar a fronteira, segundo o jornal Times of Israel.
O bloqueio foi uma medida implementada por Israel, há pouco mais de 10 dias, para retaliar o Hamas pelo ataque-surpresa do último dia 7. A medida, porém, tem causado danos à população palestina de forma geral.
Apesar do recuo, o governo israelense se mantém firme na ofensiva contra o Hamas e tem dado indicação de que, a qualquer momento, invadirá a Faixa de Gaza em uma incursão terrestre.
Nessa quinta-feira (19/10), o ministro da Economia de Israel, Nir Barkat, afirmou que o exército israelense tem “sinal verde” para invadir a Faixa de Gaza quando estiver pronto. A prioridade de Israel, segundo ele, será destruir o Hamas.
Pouco antes, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, havia dito que um ataque a Gaza virá em breve. “Quem vê Gaza de longe agora verá de dentro. Eu prometo. A ordem virá”, apontou Gallant.
Números da crise
Desde o último dia 7, data que marcou a escalada no conflito entre Israel e Hamas, morreram mais de 5 mil pessoas. No lado israelense, foram 1,4 mil vítimas, de acordo com informações das Forças de Defesa. O lado palestino contabiliza 3.785 mortos, conforme o Ministério da Saúde da Palestina.
Além das mortes, o conflito entre Israel e Hamas lançou a Faixa de Gaza em uma crise humanitária. De acordo com o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha, sigla em inglês), a região está sem energia desde 11 de outubro, quando a usina de geração de energia ficou sem combustível.
O relatório destaca que os moradores da Faixa de Gaza teriam estoques comerciais de produtos alimentares essenciais por poucos dias. “O apagão interrompeu a segurança alimentar ao afetar a refrigeração, a irrigação das culturas e os dispositivos de incubação das culturas, prejudicando consequentemente vários meios de subsistência, incluindo aves, gado, peixes e outros produtos”, detalhou.
O texto observa, entre outros itens, que a prestação de ajuda humanitária tem sofrido dificuldades na Faixa de Gaza, seja por meio de hostilidades, seja pela dificuldade de acesso a recursos essenciais, como água, combustível e medicamentos.
Pacificação frustrada
O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), nesta semana, tentou emplacar uma resolução para frear o conflito. A minuta apresentada pelo Brasil garantiu a maioria dos votos, mas o posicionamento contrário dos Estados Unidos minou qualquer aprovação.
Como membro permanente, os americanos têm poder de veto. Embaixadora dos EUA, Linda Thomas-Greenfield afirmou que a decisão se deve ao fato de o texto não fazer menção direta ao direito de autodefesa de Israel.
“Os Estados Unidos estão desapontados que essa resolução não faz qualquer menção ao direito de Israel de se defender. Como qualquer nação no mundo, Israel tem o direito inerente à autodefesa”, alegou.
A resolução previa, por exemplo, a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza. O texto ainda encorajaria “o estabelecimento de corredores humanitários e outras iniciativas para a entrega de ajuda à população civil”.
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