Waldir Costa / Rondônia Dinâmica
Publicada em 21/10/2023 às 11h00
Nas últimas 4 décadas passaram pelo Governo do Estado de Rondônia seis governadores. Alguns com mais ou menos evidência, mas todos deixaram ações positivas e negativas. Dentro de o máximo de humildade vamos tentar destacar fatos positivos e negativos dos governantes, sem a mínima intenção de elogiar ou criticar.
Na década de 90 tivemos três ex-governadores que foram eleitos pelo voto popular e tiveram a oportunidade de governar o Estado. O primeiro deles o médico, ex-deputado estadual e ex-presidente da Assembleia Legislativa, Oswaldo Piana (PTR), que foi eleito, após uma eleição tumultuada, quando no intervalo do primeiro para o segundo turno, o ex-senador Olavo Pires foi metralhado na porta da sua empresa em Porto Velho. Piana, que era o terceiro colocado disputou o segundo turno com Valdir Raupp e foi vitorioso.
Piana não foi tão eficiente como o ex-governador, o saudoso Jerônimo Santana (PMDB), seu antecessor, primeiro eleito pelo voto direto, que priorizou a educação. É difícil percorrer os municípios de Rondônia sem encontrar obras físicas de Jerônimo na área educacional, construídas na década de 80. Mas Piana deixou sua marca com a inauguração do Linhão colocando Rondônia no caminho do desenvolvimento. Até então, o Estado dependia das termoelétricas, dispendiosas e pouco eficientes.
Em uma eleição atípica, onde o ex-prefeito de Porto Velho, Chiquilito Erse (PDT) despontava como eleito a governador, o ex-prefeito de Rolim de Moura e ex-diretor-geral do DER-RO, Valdir Raupp (PMDB) se elegeu, contrariando a maioria. Foi a campanha do milhão contra o tostão.
Uma frase infeliz de a assessoria de Chiquilito, que garantem os especialistas, foi decisiva nas eleições elegeu Raupp. O eslogam principal da campanha de Chiquilito era “Chiquilito é chique”. A assessoria de Raupp contra-atacou com “Raupp é simples” e ele acabou sendo eleito.
Raupp foi um governador muito populista e não teve uma assessoria à altura das necessidades do novo desafio, que ele tinha pela frente, que era de governar o Rondônia. Quando deixou o mandato o Estado estava com salários dos servidores atrasados, o mesmo ocorrendo nos compromissos com fornecedores, mas continuou sendo um político simples, bem próximo do povão e isso ficou comprovado em 2002, quando se elegeu senador e foi reeleito em 2010. A derrota de 98, para muitos seria o fim da carreira de Raupp. Ledo engano.
Até hoje o advogado José Bianco (PFL), que foi prefeito por três mandatos em Ji-Paraná, deputado estadual, presidente da Assembleia Legislativa Constituinte e governador do Estado é criticado por ter demitido –corretamente– cerca de 17 mil servidores na sua passagem pelo governo. Por isso não teria conseguido um segundo mandato (foi eleito em 1998) de governador, quando foi derrotado (2002) no segundo turno pelo ex-prefeito de Rolim de Moura, Ivo Cassol (PSDB).
Desde o governo Bianco, que Rondônia não tem mais problemas relacionados a finanças. Seu irmão, o saudoso Arnaldo foi fundamental quando conseguiu regulamentar a cobrança do ICMS na barreira, na entrada dos produtos em Rondônia. Desde então todos os anos o Estado tem superávit financeiro e não teve dificuldades para cumprir os compromissos com servidores, fornecedores e demais Poderes.
Cassol, político em ascensão e com apoio de Expedito Júnior, uma das lideranças do segmento no Estado, que assumiu a campanha, percorreram todo o Estado em busca dos votos e venceram. Cassol se elegeu govenador e Bianco não conseguiu um segundo mandato.
Cassol teve dois mandatos seguidos. Se destacou na pavimentação das rodovias, as ROs, e na recuperação e conservação das estradas de leito natural. Também incentivou a piscicultura construindo tanques e fornecendo matrizes de alevinos, o mesmo ocorrendo na agricultura com a entrega de sementes.
Foi um governador populista, mas de ações efetivas. Nas eleições de 2022 estava inelegível, mas se tivesse condições de concorrer seria um adversário difícil de ser batido. A exemplo de Raupp é muito querido pelo povo.
O hoje senador, Confúcio Moura (MDB) teve dois mandatos seguidos no Governo do Estado. Soube aproveitar o apoio para a piscicultura no governo anterior e colocou Rondônia dentre os maiores produtores do país. Boas estradas, compromissos com servidores, fornecedores em dia e apoio aos prefeitos foram importantes no processo de reeleição e posteriormente, quando se elegeu senador.
No primeiro ano do segundo mandato, Marcos Rocha (UB) teve destaque levando o governo para o interior, com os trabalhos itinerantes, que foram paralisados, não se sabe o porquê. Foi um trabalho importante no relacionamento com prefeitos e lideranças interioranas, pois desde o governo Piana, que Rondônia não tinha um governador de Porto Velho. Rocha, ainda, não ajustou sua equipe neste segundo mandato. Destaque para a Secretaria de Ação Social-Seas, comandado pela sua mulher, Luana e na Saúde, uma área difícil, que se reorganizando com o novo secretário Jefferson Moura.
O aumento do ICMS de 17,5% para 21%, aprovado pelos deputados, além de 3% de tributação no agronegócio criou uma área de atrito entre Governo do Estado e Ale-RO. Nos últimos dias foram realizadas reuniões constantes de Rocha, deputados, representantes classistas, do agronegócio para discutir o aumento de impostos, que está em vigor, porque a Lei foi publicada no “Diário Oficial” do Estado.
Rondônia é um Estado jovem, com pouco mais de 40 anos de emancipação político-administrativa e com força econômica na produção de gado de corte, grãos (soja, milho, café), além de gado de leite e com futuro promissor. E que, ainda, depende muito dos seus governantes, seja no Executivo ou no Legislativo.
URL: https://rondoniadinamica/noticias/2023/10/a-escalada-politica-de-rondonia-nas-tres-ultimas-decadas-,174173.shtml