Metrópoles
Publicada em 31/10/2023 às 14h43
Uma “catástrofe de saúde pública” é iminente na Faixa de Gaza, alertou a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta terça-feira (31/10), enquanto prosseguem operações militares terrestres israelenses e pesados ataques aéreos contra alvos do Hamas no enclave palestino, que vêm deteriorando cada vez mais a infraestrutura local e provocando deslocamentos em massa de civis.
“É uma catástrofe de saúde pública iminente que se aproxima, com deslocamento em massa, superlotação, danos à infraestrutura de água e saneamento”, disse porta-voz da OMS, Christian Lindmeier.
Um porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), James Elder, por sua vez, alertou para o risco de crianças morrerem de desidratação, já que a produção de água no enclave caiu para 5% dos níveis normais. “Portanto, especialmente as mortes infantis devido à desidratação são uma ameaça crescente.” Há registro de crianças ficando doentes por beberem água salgada, e 940 estariam desaparecidas em Gaza, acrescentou Elder.
Lindmeier pediu que se autorize a entrada de combustível em Gaz, para permitir o funcionamento de uma usina de dessalinização. Israel impôs um cerco à Faixa de Gaza e recusa-se a permitir a entrada de combustível, justificando que este poderia ser usado pelo Hamas para fins militares.
A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) também alerta para uma grave crise humanitária no sul de Gaza, onde não haveria ajuda suficiente para suprir as necessidades dos civis deslocados, enquanto 36 caminhões com insumos aguardam para entrar no território. O diretor da UBRWA, Philippe Lazzarini, afirmou que a entrega de ajuda “é uma questão de vida ou morte para milhões”.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, descartou na segunda-feira apelos internacionais por um cessar-fogo.
Autoridades de saúde de Gaza ligadas ao grupo Hamas dizem que mais de 8.300 palestinos foram mortos desde que Israel iniciou ataques aéreos no enclave, em retaliação à ofensiva terrorista de 7 de outubro, quando membros do grupo palestino massacram 1.400 pessoas em Israel e fizeram mais de 200 reféns.
Ainda nesta terça-feira, as autoridades de Gaza relataram uma explosão num campo de refugiados na cidade de Jabalia, no norte de Gaza. Acusando os israelenses, o Hamas relatou que a explosão teria deixado pelo menos 50 mortos e mais de 150 feridos. O número não foi confirmado de forma independente.
Incursões terrestres
Militares israelenses iniciaram operações terrestres contra Gaza na última sexta-feira, sob um manto de sigilo. Passados quatro dias, em vez de partir para uma invasão total, eles parecem ter adotado uma estratégia de avanço fracionado por setores, por enquanto evitando grandes centros urbanos. Netanyahu falou no sábado de maneira vaga de uma “segunda fase” da guerra enquanto militares citaram uma “expansão das operações terrestres”.
Segundo a imprensa americana, os Estados Unidos, principal aliado de Israel, aconselharam o país a evitar por enquanto uma ofensiva terrestre total em Gaza. Outros fatores também parecem pesar: Israel tem que lidar com a fronteira com o Líbano, no norte, onde opera o grupo fundamentalista Hisbolá, muito maior do que o Hamas. A tomada de mais de 200 reféns pelo Hamas parece ser outro complicador para uma ofensiva total.
Nesta terça-feira, tropas israelenses avançaram sobre a Faixa de Gaza com tanques e buldôzeres blindados. Imagens divulgadas pelo Exército israelense mostram soldados avançando num cenário de desolação, entre edifícios reduzidos a pilhas de destroços pelos incessantes bombardeios efetuados por Israel desde 7 de outubro.
A incursão terrestre das tropas israelenses permitiu por enquanto o resgate de Ori Megidish, uma soldado israelense que havia sido sequestrada pelo Hamas. O Exército israelense celebrou a libertação na segunda-feira, afirmando que a militar apresentou informações de inteligência que poderão ser utilizadas em futuras operações.
Israel afirmou ter atacado 300 alvos na quarta noite de operações terrestres em Gaza. Suas forças teriam travado combates contra membros do Hamas, dentro da vasta rede de túneis construída pelo grupo sob Gaza.
“No último dia, as IDF [Forças de Defesa de Israel] juntas atingiram aproximadamente 300 alvos, incluindo mísseis antitanque e postos de lançamento de foguetes debaixo de poços, bem como complexos militares dentro de túneis subterrâneos pertencentes à organização terrorista Hamas”, constou de um comunicado militar israelense.
Os membros do Hamas responderam com mísseis antitanques e disparam de metralhadora, mas “os soldados mataram terroristas e direcionaram as forças aéreas para ataques contra alvos e infraestruturas terroristas”.
O Hamas, por sua vez, divulgou em comunicado que os seus membros estariam envolvidos em batalhas ferozes com forças terrestres israelenses: “A ocupação está empurrando os soldados para a orgulhosa Gaza, que será sempre o cemitério dos invasores.”
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