Waldir Costa / Rondônia Dinâmica
Publicada em 18/11/2023 às 10h41
Esta semana a cidade de Guajará-Mirim, que fica na divisa com a Bolívia, que separa Rondônia de Guayaramerín,, no vizinho País, viveu um clima de festa com o lançamento do edital, para a construção da ponte Brasil-Bolívia, sobre o rio Guaporé, unindo os dois países via rodoviária. A ponte é um sonho de décadas, mas sempre ficou entre as promessas políticas.
Como regulamente ocorre nessas ocasiões o ambiente é festivo, de muito oba-oba, de garantias de viabilidade da obra. Agora, tudo indica que a obra será realizada, pois já foi constituída uma comissão binacional, que já aprovou a constituição de o projeto e o prazo para a construção é de três anos.
O anúncio da elaboração do projeto, pelo Ministério dos Transportes (MT), pelo ministro Renan Filho, foi no início do último mês de outubro, dentro do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC), do governo federal, para a região Norte com previsão de recursos de em torno de R$ 244 milhões e o início das obras para o primeiro semestre do próximo ano.
A ponte dará celeridade aos negócios entre Brasil-Bolívia na circulação de mercadorias entre os dois países e também na ligação para o Peru e Chile, dentro do sonhado projeto Rota para o Pacífico. Segundo a cúpula do MT, o governo almeja facilitar a circulação de pessoas e mercadorias entre os dois países, bem como agilizar a exportação de produtos das regiões Norte e Sudeste para a Bolívia, Peru e Chile, proporcionando uma rota permanente para o Pacífico, via rodoviária.
A obra será conduzida pelo sistema de Regime Integrado Diferenciado de Contratação (RIDC), onde somente uma empresa elabora os projetos básicos, executivos e constrói as obras e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit), terá a responsabilidade da supervisão do projeto de engenharia e da execução do empreendimento.
Hoje transitam na travessia (balsas e barcos), cerca de 2 mil pessoas por dia com destaque para a comercialização de ureia e potássio da Bolívia para o Brasil, e a comercialização de gado de corte e de grãos (soja, milho, café) para o país vizinho.
Segundo o governo federal o planejamento do novo PAC para a região Norte é superior a R$ 21,3 bilhões em investimentos públicos e privados. A fronteira Brasil-Bolívia é de aproximadamente 3,4 mil quilômetros, sendo 1,4 mil quilômetros somente com o Estado de Rondônia. O intercâmbio comercial com outros países, como no caso Brasil-Bolívia em Guajará-Mirim é da maior importância. Por isso a ponte será fundamental na Rota para o Pacífico.
Mas temos outros problemas a serem resolvidos na região, como o isolamento de Manaus. A BR 319, construída na década de 70 é tão –ou mais– importante que a ponte binacional.
A atual estiagem prolongada, a maior dos últimos tempos, trouxe à tona um problema grave e demonstrou, que a recuperação, restauração e adequação da 319, com cerca de 900 quilômetros ligando Porto Velho a Manaus é fundamental não somente à economia, mas para a sobrevivência da população ribeirinha e dos demais habitantes da floresta amazônica, sejam animais, índios, brancos e o meio ambiente.
A navegação está comprometia há meses com a noturna proibida, e a diurna limitada a cargas mínimas de balsas e navios, porque o rio Madeira, que liga Porto Velho a Manaus está com trechos praticamente inavegáveis. Além do povo ribeirinho, que tem problemas até de abastecimento de água, de alimentos, Manaus ficou limitado somente à ligação aérea.
Os “ecologistas” da Selva de Pedra, que habitam edifícios vistosos e refrigerados com ares-condicionados deveriam, antes de ficar falando bobagem dos moradores aqui da região, colocar uma sunga e morar na floresta, com os poucos índios, que não podem plantar um pé de milho, e a população ribeirinha. É fácil, simples, bonito, discursar, palestrar sobre a Amazônia sem nunca ter ocupado um barco e percorrer a região.
O governo federal, sabiamente, criou esta semana, um Grupo de Trabalho (GT) com a finalidade de encontrar soluções, que equilibrem a necessidade de melhorias na infraestrutura da BR 319. O grupo será composto por representantes de secretarias do Ministério dos Transportes e de órgãos relacionados para “identificar os desafios e obstáculos que tem dificultado o progresso na recuperação da BR 319”. Medida das mais importantes, mas é necessário, que esse grupo ouça as pessoas, que dependem da estrada para sobreviver.
O mundo atual está totalmente mudado. Hoje o celular é a mais importante arma do humano, não são armas de fogo, mísseis, bomba atômica. É preciso viabilizar como será implantada a Usina Tabajara, em Machadinho do Oeste. As hidrelétricas mais modernas como Jirau, por exemplo, têm 50 turbinas, a de Samuel, cinco. A de Samuel tem área alagada em cerca de três vezes mais. Motivo: as turbinas de Jirau e Santo Antônio são de vazão e não de queda d´água, como Samuel.
Outra obra fundamental é a BR 364. Como ter sucesso com a ponte em Guajará-Mirim fomentando a saída para o Pacífico sem uma rodovia moderna, eficaz, duplicada? A 364, que todos os anos no período de chuvas é tomada pelos buracos não terá condições de atender a demanda de veículos ao oceano Pacífico. Mais com a ponte na ligação com o Pacífico. É necessário viabilizar a readequação e duplicação da rodovia, anunciada esta semana.
O povo da região Amazônica tem que ser ouvido, respeitado. Não é por acaso, que a região foi a que mais cresceu economicamente no Brasil nos últimos anos, mesmo com o desafio de enfrentar uma pandemia generalizada.
URL: https://rondoniadinamica/noticias/2023/11/grandes-obras-para-uma-rondonia-com-desenvolvimento-crescente,176374.shtml