Metrópoles
Publicada em 15/12/2023 às 08h39
Em entrevista ao jornal britânico The Guardian, Ahmed Al Jaber, presidente da COP28, a última cúpula climática mundial, em Dubai, afirmou que sua empresa continuará investindo em petróleo. Al Jaber elogiou o acordo de transição para o fim do uso de combustíveis fósseis, mas precisa atender à demanda atual.
O sultão é o presidente-executivo da empresa nacional de petróleo e gás dos Emirados Árabes Unidos, a Adnoc.
“A minha abordagem é muito simples: continuaremos a agir como um fornecedor responsável e confiável de energia de baixo carbono, e o mundo precisará dos barris com menor teor de carbono e ao menor custo”, argumenta.
Segundo ele, os hidrocarbonetos da Adnoc são de baixo carbono, retirados de forma eficiente e com menos vazamento do que outras fontes. “No final das contas, lembre-se: é a demanda que decidirá e ditará que tipo de fonte de energia ajudará a atender às crescentes necessidades energéticas globais”, explica.
Al Jaber usa resoluções tomadas dentro da COP28 para embasar sua decisão de continuar investindo em petróleo. Por exemplo, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas.
No evento, chegou-se à conclusão que a humanidade ainda precisará de uma pequena quantidade de combustível fóssil em 2050. Nesse ano, o objetivo é atingir zero emissões líquidas de gases de efeito estufa, medida essencial para limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C.
“O mundo continua a precisar de petróleo e gás de baixo carbono e de petróleo e gás de baixo custo”, disse ele. “Quanto à demanda para isso, a história é completamente diferente. O que precisamos fazer agora é descarbonizar o sistema energético atual, enquanto construímos o novo sistema energético”, aponta.
Na COP28, Al Jaber foi elogiado
Al Jaber garante que os investimentos feitos na empresa de petróleo – 150 milhões de dólares – estão dentro do objetivo de 1,5°C na temperatura. E que a Adnoc estava renunciando à grande parte de sua extração potencial.
No fim da cúpula, Al Jaber se tornou objeto de muitos elogios, ao apelar para os países “contribuírem na transição dos combustíveis fósseis nos sistemas energéticos, “de uma forma justa, ordenada e equitativa, acelerando a ação nesta década crítica, de modo a atingir zero emissões líquidas até 2050, de acordo com a ciência”.
De fato, foi a primeira vez, em uma cúpula sobre meio ambiente, que a transição dos combustíveis fósseis foi citada oficialmente nos documentos finais. Entretanto, especialistas também afirmaram que as decisões estão longe de ser suficientes para limitar os impactos da crise climática. E países em desenvolvimento reclamaram que não existe garantia de financiamento para alcançarem tais objetivos.
Na entrevista ao The Guadian, Al Jaber se defendeu do fato de integrar o comando de uma empresa de petróleo. Disse que não serviu de “policial da indústria”, mas que viu uma vantagem de conhecer os dois lados.
Isso porque ele também é cofundador da empresa de energia renovável, a Masdar. “Estou comprometido com a transição [para um mundo de baixo carbono]. Isso é algo em que tenho trabalhado pessoalmente há mais de 18 anos. Conheço dinâmica energética e economia energética. Eu sou um engenheiro.”
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