Waldir Costa / Rondoniadinamica
Publicada em 10/01/2024 às 10h12
O ano está iniciando, assim como o mês de janeiro, primeiro de 2024 e, aos poucos as coisas vão se acomodando, após as festas de final-início de ano, Natal e Ano Novo. A normalidade só ocorrerá no próximo mês de fevereiro, pós-Carnaval, a maior festa popular brasileira.
A descriminação das companhias aéreas Azul e Gol com Rondônia desde outubro último é absurda. Conseguiram deixar o Estado praticamente isolado das demais regiões em razão do corte significativo de voos com a alegação de excesso de ações judiciais, apesar de ser um problema causado pelas aéreas e não pelos passageiros que foram em busca dos seus direitos.
Em razão da falta de opções de voos, e os poucos oferecidos a preços absurdos como uma passagem de ida a Curitiba custar mais de R$ 4 mil, mesmo assim sempre lotados, porque a demanda sempre foi grande e os aviões com ocupação máxima, muita gente teve que optar pelas viagens de ônibus, longas, apesar de o conforto dos novos bus com tecnologia de ponta, ou com veículo próprio, o que provocou o aumento de o volume de tráfego na principal rodovia federal de Rondônia, a BR 364, construída na década de 80 e que não atende a realidade do tráfego, mesmo fora dos períodos de férias.
Quem circulou nas últimas semanas pela BR 364 no trecho de maior movimento entre Porto Velho a Vilhena, na divisa com o Mato Grosso com cerca de 700 quilômetros, diz que a rodovia está bem conservada e com poucos buracos, situação bem diferente de anos anteriores, quando na mesma época, os buracos tomavam conta da pista favorecendo os acidentes que trouxe para o trecho a pecha de “Corredor da Morte”, devido ao elevado número de óbitos.
O enorme movimento de veículos pesados entre Porto Velho e Vilhena ocorre devido as safras de grãos (soja, milho e café) de Rondônia e de boa parte do Mato Grosso. Boa parte é exportada pelo porto graneleiro de Porto Velho, no Rio Madeira. O alicerce da 364 é da década de 80, quando a rodovia foi construída e não tem condições de suportar o volume de tráfego atual com carretas, bitrens e treminhões cerca de 2,5 mil veículos/dia, além dos carros de passeio.
O trecho da 364 em Rondônia não pode ficar dependente de tapa-buracos, para atender interesses de empreiteiras, que faturam alto todos os anos. É necessário que ela seja refeita em seu alicerce para poder atender a demanda atual de veículos e posteriormente duplicada. Situação delicada que a Bancada Federal (senadores e deputados) não conseguem solucionar.
Mas os problemas de tráfego em Rondônia não se limitam a 364. A capital, Porto Velho, seguramente tem o trânsito mais complicado, desorganizado e violento, proporcionalmente, do País. E fica mais confuso e perigoso devido as motocicletas. Dados de 2021 apontam que Porto Velho tinha mais de 90 mil motocicletas e que no Estado, mais de 40% dos veículos era de duas rodas. Hoje, certamente é maior que 50%, principalmente em Porto Velho, onde motocicletas estão envolvidas na maioria dos acidentes e respondem pelo maior número de atendimentos de acidentados no trânsito no Pronto Socorro João Paulo II, que está constantemente lotado, e porque a capital não tem um PS municipal.
Em contato com pessoas que estiveram viajando em dezembro e neste início de janeiro para o Sul, Norte e Centro-Oeste do País, uma informação preocupante. Numa viagem, por exemplo, de Porto Velho a Foz do Iguaçu, no Paraná, com cerca de 6 mil quilômetros, ida e volta, o motorista disse que não encontrou nenhuma fiscalização, seja nos postos das polícias rodoviárias Federal e Estadual, no caso do Paraná.
Isso também ocorre em Porto Velho, onde os Agentes de Trânsito, que os portovelhenses chamam de “Cabeças de Tapioca”, porque utilizando boné branco, não são vistos orientando, organizando, disciplinando o trânsito e, multando e apreendendo o veículo, se for o caso. A prioridade é a multa. Os agentes ocupam postos estratégicos de preferência em locais com sombras às imediações dos semáforos e se preocupam somente com o faturamento.
Impressiona a desorganização no trânsito de Porto Velho. Placas de sinalização são ignoradas, inclusive paradas de ônibus, semáforos são considerados “postes luminosos”, faixas (segurança de pedestres e motociclistas) são consideradas adornos, porque a maioria não respeita. “Coisa de loucos”, como dizia o saudoso e famoso humorista Agildo Ribeiro.
Não se sabe qual o motivo de não se colocar nas ruas e avenidas de Porto Velho agentes de trânsito preparados para exercer a função. Por que não formatar convênio com a PM para que, em horários de pico soldados fiquem em pontos estratégicos organizando o trânsito? Quem estiver com pressa, furar semáforo, não respeitar velocidade e placas devem ser multados e ter o veículo apreendido se assim for necessário. Certamente ele não irá mais cometer irregularidades, porque sabe, que será punido. Hoje abusa, porque tem a certeza da impunidade.
O Detran-RO também poderia desenvolver campanhas educativas, inclusive nas escolas, para que os filhos orientem e cobrem dos país, que ele precisa chegar à escola e não ficar pelo meio do caminho devido a acidente de trânsito provocado pela pressa e irresponsabilidade dos condutores de veículos. A criança grava bem o que é ensinado e cobra dos pais.
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