Larina Rosa
Publicada em 25/01/2024 às 10h47
Por Larina Rosa*
Porto Velho, RO – Nem todo mundo confessa, mas boa parte da população está ligada no que se passa na casa mais vigiada do país. Você pode até não acompanhar assiduamente, mesmo não assistindo os episódios do BBB24, mas sabe,assim como eu, através das redes sociais e notícias da web, o que acontece lá dentro.
Na última semana os comentários do cantor pagodeiro fora do ideal estético aceito deram o que falar a respeito do corpo curvilíneo de uma modelo. As críticas sobre aparências e melhor jeito de se alimentar da moça para não engordar gerou desconforto em mulheres da casa e fora dela.
Na mesma semana no programa uma cantora foi abordada por homens da casa com argumentos de que estava se vestindo de uma forma vulgar afirmado que os provocava. Como justificativa de que um homem racional não pode controlar seus instintos.
Toda a discussão me faz pensar no esforço diário de mulheres incríveis para agradar homens que nem podemos chamar de medianos. Até quando seremos cobradas para satisfazer as vontades deles?
A filósofa Simone de Beauvoir enfatizou: “O machismo faz com que o mais medíocre dos homens se sinta um semideus diante de uma mulher”. É o que acompanhamos no programa e também fora dele, os participantes só refletem a cultura de enxergar a mulher como apenas objeto de desejo.
Esses comentários são perversos, através deles seguimos sendo classificadas como se fôssemos uma mercadoria, mero objeto revestido de carne. É importante lembrar que não estamos aqui para satisfazê-los, não somos cidadãs de segunda classe, nem precisamos agradar sempre.
Temos que aprender o quanto antes a sair desse lugar onde os homens nos tratam como um bibelô. Não precisamos estar em uma prateleira onde temos que ser escolhidas para alcançar uma realização exigida.
Esse padrão de beleza inalcançável tem nos levado a procedimentos estéticos invasivos, gerado neuroses e afetado nossa saúde mental e autoestima a troco de uma aceitação que não vai chegar. Se até a modelo curvilínea, loira, branca, alta e magra que lembra a Barbie, modelo padrão do ideal estético deles é julgada, imagina a mulher gorda, preta ou indígena?
A reflexão de comportamentos divulgados no programa ajuda a mudar ações que magoam e dificultam a vida delas. Resta saber quem está disposto a dar um basta e mudar costumes pelo bem dessas mulheres que não precisam agradar.
*Jornalista rondoniense que acredita na luta contra a violência de gênero e igualdade de direito das mulheres
URL: https://rondoniadinamica/noticias/2024/01/mulheres-nao-precisam-agradar,181236.shtml