Waldir Costa / Rondônia Dinâmica
Publicada em 17/02/2024 às 10h48
A maioria das pessoas que envereda pela vida pública não tem noção das dificuldades para se conviver no segmento. É bem diferente da iniciativa privada, pois depende de uma série de fatores, boa parte protocolar, mas têm que serem cumpridos, sob pena de cassação e perda do mandato, que ocorre até com certa regularidade, devido a uma das práticas mais utilizadas na política do Brasil, a corrupção.
Rondônia já teve grandes líderes na política, desde o governador Jerônimo Santana, primeiro eleito pelo voto direto, de saudosa memória; depois Oswaldo Piana, Valdir Raupp, José Bianco, Ivo Cassol e Confúcio Moura. Hoje o Estado é governador por Marcos Rocha (UB), que está no primeiro ano do segundo mandato consecutivo.
Todos os governadores que passaram pelo comando do Estado, eleitos pelo voto direto deixaram um legado. Uns mais, outros menos, mas de relevância para a jovem Rondônia que tem pouco mais de 40 anos de emancipação político-administrativa.
Na história de Rondônia, não há como negar a liderança política, hoje, de uma daquelas “raposas de rabos felpudos”, como diz o competente colega, amigo e espelho no jornalismo regional, Carlos Sperança, que nos trouxe para Rondônia no início dos anos 90, para ajudar na fundação do jornal “Diário da Amazônia”. É o senador Confúcio Moura, do MDB, a maior expressão do seu partido.
Articulador, visionário, organizado, ousado e conciliador, Confúcio conseguiu espaço dentro do Governo Lula da Silva, que os petistas de Rondônia não conseguiram. Diferente de quando “tomou” o comando do MDB em Rondônia, que sempre esteve sob a direção do ex-senador Valdir Raupp, na convenção para escolha dos candidatos ao Senado, governadores e deputados (federal e estadual) em 2018.
Nas últimas semanas o ex (governador, senador) Valdir Raupp e sua mulher, Marinha, cinco vezes deputada federal, percorreram o Estado visitando as lideranças regionais em companhia do presidente regional do partido, deputado federal Lúcio Mosquini. Marinha é presidente do MDB Mulher em Rondônia e manteve vários contatos visando o fortalecimento do segmento para as eleições desse ano. Nada relacionado a possibilidade de candidatura.
Agindo de forma competente nos bastidores e muito bem articulado, Confúcio se aproximou do Governo Federal e hoje, tem um amplo espaço político, provavelmente em busca de apoio ao MDB nas eleições municipais (prefeitos, vices e vereadores) de outubro próximo, que será fundamental para as gerais (presidente da República, governadores e seus vices; duas das três vagas ao Senado dos Estados e Distrito Federal, além de Câmara Federal e Assembleias Legislativas).
O MDB, que estava agonizando em Rondônia, onde tem somente dois deputados estaduais (Jean Oliveira e Luís do Hospital), hoje três, após Ismael Crispin se filiar ao partido e poderá chegar a quatro com o deputado Alan Queiroz, que está deixando o Podemos e se filiando ao MDB a convite de Confúcio. Inclusive com a possibilidade de concorrer a prefeito de Porto Velho nas eleições de outubro próximo.
Desde o início de fevereiro que Confúcio Moura vem percorrendo o Estado contatando com lideranças. Nas reuniões, além de fortalecer o partido, já busca novos nomes expressivos e em condições de concorrer a prefeito, vice ou vereador este ano.
Porto Velho, maior colégio eleitoral do Estado, mais de 320 mil eleitores nas eleições de 2022, o MDB tem um dos vinte e um vereadores, Márcio Oliveira. É pouco para um partido da representatividade do MDB, que já foi o maior do País.
Certamente com o aval do Governo Federal, Confúcio está trabalhando firme na reestruturação do MDB em Rondônia mantendo constantes reuniões pelo interior e angariando nomes expressivos visando as eleições deste ano. Inclusive na capital com a chegada do deputado Alan Queiroz, que estaria deixando o Podemos, para se filiar ao partido de Confúcio e com o compromisso de ocupar a vaga do partido para concorrer à sucessão do prefeito Hildon Chaves (PSDB).
Confirmando a filiação de Alan Queiroz, que já foi vereador em vários mandatos na câmara municipal, inclusive ocupando a presidência, a sucessão municipal em Porto Velho promete ser das mais acirradas.
Comenta-se nos bastidores da política, que o deputado federal Fernando Máximo (UB), o mais bem votado (85.596 votos) nas eleições de 2022 estaria confirmado como pré-candidato do União Brasil presidido no Estado pelo Chefe da Casa Civil, Júnior Gonçalves representando o grupo liderado pelo governador Marcos Rocha.
Caso a informação seja confirmada, Rocha e o prefeito de Porto Velho, Hildon Chaves (PSDB), não caminharão juntos, ao menos no primeiro turno. Chaves tem como pré-candidata a ex-deputada federal Mariana Carvalho, presidente regional do Republicanos.
Com a chegada de Alan Queiroz, o MDB demonstra que busca a “cabeça” de uma parceria com o PT, da ex-senadora Fátima Cleide e do PSB presidido em Rondônia pelo professor universitário, advogado Vinícius Miguel.
Também estariam na luta pelo comando político de Porto Velho a partir de 2025 o presidente da Assembleia Legislativa (Ale), Marcelo Cruz, eleito pelo Patriota, que não existe mais, pois se fundiu ao PTB formando o PRD, que está sem partido e o ex-deputado federal, presidente do diretório regional do Podemos, Léo Moraes.
A realidade política de Rondônia é que o MDB, que estava com a chama se apagando está de volta com força total. E tem em Confúcio Moura, ajustado com o Governo Federal, a luz que o partido precisa no espaço político regional.
URL: https://rondoniadinamica/noticias/2024/02/fechado-com-lula-confucio-trabalha-para-reorganizar-o-mdb-em-rondonia,182966.shtml