Herbert Lins
Publicada em 19/03/2024 às 08h20
A presente Coluna é especial por trazer uma análise do discurso do presidente Lula (PT) na reunião ministerial com transmissão aberta para o público, uma inovação para quem ocupa o principal espaço de poder e de tomada de decisões no país. Com a popularidade em queda, o presidente Lula reuniu ontem (18) o seu ministério para dizer que o governo vai “ter que fazer muito mais” e disse ter certeza de que Brasil correu um “sério risco” de sofrer Golpe de Estado em 2022. O presidente Lula fez um balanço de como recebeu o país, dando ênfase ao sucateamento da máquina pública, o desmantelamento dos Ministérios e chamou o ex-presidente Jair Bolsonaro de golpista, chorão, covarde e fujão. Discorreu dizendo que a religião está sendo “manipulada de forma vil e baixa” no país, e que isso precisa mudar, por existir uma “ameaça à democracia e o direito das pessoas exercerem a fé que desejarem”. Mas o presidente Lula falou de quase tudo, mas esqueceu de falar do arcabouço fiscal como resultado da Reforma Tributária e da responsabilidade fiscal. Inclusive, o presidente Lula esqueceu de dizer de onde tirará o dinheiro para começar a construção das obras e dos programas sociais anunciados no Governo Lula III. Portanto, qual influência do desempenho do governo Lula III nas eleições municipais?
Manipulada
No seu discurso, o presidente Lula defendeu que a religião não deve ser “instrumentalizada como um instrumento político de um partido político ou de um governo. Que a fé seja exercitada na mais plena liberdade das pessoas que queiram exercê-la. A gente não pode compreender a religião sendo manipulada da forma vil e baixa como está sendo neste país”.
Resposta
A crítica do presidente Lula em relação à manipulação da religião por líderes políticos e religiosos, pode considerar como resposta a fala da ex-primeira dama Michelle Bolsonaro, que é presidente do PL Mulher, no ato da Avenida Paulista (25/02) convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Ela defendeu a mistura da política com religião, ou seja, o retorno do Estado Teocrático, mesmo o Brasil sendo um Estado laico.
Teste de fogo
Durante a campanha presidencial eu dizia que Lula e o PT, ganharia a eleição, mas vão encontrar um Brasil diferente do que receberam do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), ou seja, um Brasil organizado, inflação controlada, reformas estruturantes adiantadas, programas sociais de combate à pobreza organizados e uma oposição inteligente. Entretanto, o teste de fogo do petista e do petismo seria organizar o país recebido da tríade Jair Bolsonaro, Paulo Guedes e do Chanceler Ernesto Araújo.
Resumo da ópera
O arcabouço fiscal aprovado no Governo Lula III, deixou os itens da cesta básica sem tributação de impostos, porém, o fim da taxação não aparece nos preços das mercadorias nas prateleiras de mercadinhos, mercados, supermercados, hipermercados e atacadistas. Resumo da ópera: os preços dos alimentos subiram bastante.
Dispararam
Já a classe média tem sofrido bastante no Governo Lula III com os preços elevadíssimo do azeite de oliva, manteiga, vinhos, queijos e frios. Mas a carestia não é apenas dos alimentos, eletrodomésticos, carros novos e produtos de informática, também dispararam.
Estabilizados
Apenas o preço dos combustíveis, gás de cozinha e da carne, estão estabilizados. Já o pecuarista está sofrendo para pagar os empréstimos, em especial, os pecuaristas da Região Amazônica que estão com suas terras embargadas devido à política ambiental implementada pela Ministra do Meio Ambiente Marina Silva (PSOL/Rede).
Passagens aéreas
Cômico, para não dizer trágico, foi a promessa de campanha do presidente Lula (PT) que pobre voltaria a viajar de avião. Então, nem a classe média está conseguindo viajar por conta dos preços das passagens aéreas nas alturas, imagine os pobres. Pior é a situação de Rondônia com os cortes dos voos e os preços estratosféricos das passagens aéreas, estamos ilhados.
Razão
Desde a redemocratização, a situação econômica do país é a principal razão que o eleitor tem considerado para escolher seus candidatos, seja nas eleições gerais ou municipais. Foi assim no Plano Cruzado durante o Governo Sarney (MDB); no confisco da poupança no Governo Collor (PRN); no Plano Real dos Governos Itamar Franco (MDB) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB); no Pleno Emprego no Governo Lula I e II (PT); Plano Futuro de Michel Temer (MDB); Plano Populista e Neoliberal do Governo de Jair Bolsonaro (PL).
Coincide
Já a condução da economia nos Governos de Dilma Rousseff (PT), Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL), resultou em derrotas políticas e eleitorais. O Governo Lula III está no segundo ano e coincide com as eleições municipais, período que corresponde a busca da identidade do governo através da implementação de projetos relevantes, porém, relativamente curto para que os resultados destas iniciativas se manifestem de maneira concreta perante a sociedade e nas urnas.
Insights
É inegável que as eleições municipais têm impacto relevante na política federal, devido à conexão entre a escala local, estadual e nacional, na estrutura do mapa do poder partidário do Brasil. As eleições municipais servem como um termômetro de avaliação do desempenho do Governo Federal frente à opinião pública e são fonte de insights valiosos para a campanha eleitoral dos candidatos e partidos que visam ampliar sua representação política no Congresso Nacional.
Midiáticos
O Governo Lula III criou muitas expectativas e tenta expandir sua influência pelos municípios de todo o país anunciando obras e programas de Governo midiáticos, para fortalecer o seu capital político e angariar votos. Neste sentido, o presidente Lula já iniciou visitas em todo o Brasil com o objetivo claro de apoiar aliados no próximo pleito eleitoral municipal de outubro, consequentemente, seu processo de reeleição ou sucessão nas eleições de 2026.
Herança maldita
Na reunião, o presidente Lula não comentou a queda de sua popularidade, voltou a fazer o discurso da “herança maldita”, o primeiro ano do seu Governo foi de “recuperação” e sabe que ainda falta muito a fazer, principalmente em relação às promessas feitas durante a campanha eleitoral.
Derrotas
O aumento da representatividade do PT e de aliados nos municípios é a grande estratégia do presidente Lula. Entretanto, a pauta econômica do Governo Lula III e a polarização política entre Esquerda, Direita e Extrema-direita, pode fazer com que o PT e seus aliados que buscam a reabilitação política, sofram grandes derrotas nas urnas no pleito eleitoral de outubro próximo.
URL: https://rondoniadinamica/noticias/2024/03/a-influencia-de-lula-nas-eleicoes-municipais-pior-e-a-situacao-de-rondonia-derrotas-nas-urnas-em-outubro,185637.shtml