Robson Oliveira
Publicada em 23/04/2024 às 14h01
ESPAÇOS
Noviça na seara política e pré-candidata a prefeita da capital pelo MDB, a juíza aposentada Euma Tourinho fez um bom périplo nos meios de comunicação divulgando a pretensão e expondo o que pensa em linhas gerais para o município Porto Velho. Ainda não formulou nenhuma proposta diversa daquelas que os concorrentes pensam, mas a participação na imprensa tem sido firme e permeada por polêmicas desnecessárias, a exemplo da fustigada que deu no atual presidente da OAB, Márcio Nogueira.
ENTREVERO
Durante a entrevista na TV Norte o repórter exibiu um papelote com temas e nomes para que a pré-candidata do MDB comentasse. Entre eles, apareceu o nome de Márcio Nogueira, com quem a ex-presidente da Associação dos Magistrados de Rondônia trocou palavras ríspidas em razão das atribuições profissionais que ambos representam.
INGENUIDADE
Quando o nome Márcio Nogueira foi apresentado, Euma requentou a troca de palavras ásperas que protagonizou com o representante da advocacia como se ainda dirigisse a entidade dos magistrados. Faltou à pré-candidata filtro e assessoria para que evitasse gafes ou abordagens acerbas sobre temas que o eleitor percebe o descompasso e o destempero do candidato. Euma Tourinho foi ingênua enquanto pré-candidata ao tomar como pessoal algo classista ao expor numa entrevista um entrevero que estava circunscrito entre os operadores do direito. Embora seja boa de lábia e segura no que fala, é presa fácil na política para cair em armadilhas. Em particular nos debates.
ATENTAI
Apesar do erro, o saldo político de Euma Tourinho no périplo na imprensa é positivo e revelou uma pré-candidata ousada e disposta a ultrapassar as dificuldades de uma campanha ancorada num MDB sem a mesma capilaridade de outrora. Como diria no jargão do ex-senador Mão Santa: atentai bem, Euma veio para atropelar quem estiver pela frente. Seu maior desafio inicial será conter um partido dado a puxar o tapete dos seus filiados sem cumplicidade e laços firmes com os burocratas que anos após anos dominam as estruturas do diretório municipal.
PERFIL
Tenho visto nas mídias sociais pessoas apontando a emedebista como alguém com perfil autoritário. Nos contatos com este cabeça chata a juíza aposentada sempre dispensou um tratamento com presteza e respeito. Não a vejo como uma autoritária como tentam colar, decerto em razão de ter sido uma magistrada severa nos embates das lides. No entanto, é conhecida por ser uma pessoa geniosa e ríspida quando confrontada. Daí a confusão do perfil grotesco que espalham sobre ela na rede mundial. Nunca é demais lembrar que na política os excessos costumam ser fatais.
BLEFE
Quem acompanha os movimentos dos bastidores na corrida sucessória da capital deduz que a pré-candidatura a prefeito de Marcelo Cruz, presidente da Assembleia Legislativa, é blefe com interesses políticos ainda não claros. Uma candidatura majoritária para um mestre de bastidor da qualidade de Cruz se constrói ao longo do tempo, reunindo em torno de si um amplo leque de aliados e partidos. Não é o que acompanhamos. Ao contrário, presenciamos o Marcelo Cruz, durante um evento em Brasília, indicando que seus planos não passavam pela prefeitura da capital. Se mudou o projeto, pode ser tarde para arregimentar novos parceiros, o que a coluna não acredita uma vez que de bobo ele não tem nem o sobrenome.
ABRAÇO AFAGADO
Embora sendo o prefeito de Porto Velho mais bem avaliado entre os que já administraram o paço municipal, Hildon Chaves começa a ser criticado exatamente pelo maior portfólio da gestão, que são as dezenas de quilômetros de camada asfáltica executadas nestes seis anos. É que o asfalto tem provocado alagações em áreas que as obras suplementares de esgotamento sanitário não foram realizadas de forma correta, alagando diversas casas e causando prejuízos às pessoas. É induvidoso que Chaves é bom gestor: austero, honesto e preparado. Isto não significa que não erre. E está aí um buraco administrativo que pode alagar a campanha eleitoral e afogar as chances da pupila em sucedê-lo.
TEMPO
Alguns pré-candidatos a prefeito nos municípios que facultam canais de TV e Rádio não estão atentando para os espaços de veiculação destinados aos partidos na campanha eleitoral pela legislação. É que muitos deles dispõem de frações de minutos para os programas televisivos e radiofônicos, o que é muito pouco para quem sequer é conhecido pela maioria do eleitor. Restarão as redes sociais onde é possível propagar uma candidatura e derrubar favoritos. Ocorre que nem todas as pessoas viralizam e nem todas conseguem empatia com este mundo cada vez mais especializado e permeável a algo sério.
TOLERÂNCIA
Os partidos rondonienses de esquerda não demonstraram publicamente que pretendem caminhar unidos para enfrentar candidatos declaradamente do espectro da direita, inclusive autoproclamados extremistas. Isto revela uma das razões pelas quais cresceu o eleitorado mais conservador, expondo uma intolerância inimaginável anos atrás. Ao que parece, nem a esquerda se tolera. Pelo menos é esta a percepção que está passando ao eleitor mais sintonizado com uma terra que não é plana.
VENTRÍLOQOU
Em entrevista a uma emissora da capital a pré-candidata Mariana Carvalho, ungida de Hildon Chaves como sucessora, usou maior tempo para defender os feitos da administração do chefe político, o que é algo natural em razão do apoio, mas precisa abordar pontos e gargalhos da capital que o eleitor quer ouvir, visto que é ela a candidata e não mais Chaves. Mariana tem que propor algo de concreto para que o eleitor compreenda e veja nela alguém capaz de administrar uma cidade da complexidade de Porto Velho. Ninguém vota em ventríloquo. Este filme o eleitor da capital conhece, e rejeitou.
NUVENS
A meteorologia continua carregando os céus de Rondônia. É que a turma mais alvoroçada insiste em malfeitos. Pelo que a coluna tem apurado, os céus de Rondônia vão continuar tempestuosos com nuvens carregadas.
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