Rondoniadinamica
Publicada em 18/05/2024 às 09h20
Porto Velho, RO – As recentes atuações de figuras políticas em Rondônia têm ilustrado um teatro de absurdos que ressoa por todo o Brasil, destacando-se duas situações que ilustram um distanciamento preocupante entre ações governamentais e as necessidades prementes da sociedade.
Enquanto Bagattoli mostra fraqueza política frente a Marcos Rogério, seu ímpeto para desmatar a Amazônia permanece inabalável; simultaneamente, Madonna enfrenta um repúdio que dificilmente perturbará seu sono, cortesia de Cristiane Lopes ao assinar matéria de autoria de sua colega, Chris Tonietto (PL/RJ).
Primeiramente, o senador Jaime Bagattoli (PL-RO) parece ter ignorado os alertas científicos e os clamores populares pela preservação ambiental ao propor o Projeto de Lei 3.334/2023. Esta medida sugere reduzir a reserva legal na Amazônia de 80% para 50%, um ato que poderia transformar drasticamente o bioma, facilitando um desmatamento que equivaleria a dobrar a área do estado do Rio de Janeiro em território devastado. Marina Silva, Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, reagiu com veemência. "Essa proposta é um ataque direto às nossas últimas linhas de defesa contra a crise climática," disse ela, apontando também para o oportunismo de promover tais medidas enquanto o país ainda lamenta as tragédias causadas por eventos climáticos extremos, como as recentes enchentes devastadoras no Rio Grande do Sul.
Proposta de Bagattoli é majoritariamente execrada pela população brasileira no site do Senado / Reprodução
Adicionalmente, o senador Jaime Bagattoli, que demonstra uma energia implacável para impulsionar legislações que ameaçam a integridade ambiental da Amazônia, parece ter reservas quando se trata de confrontos políticos internos. Em um episódio revelador de sua trajetória, Bagattoli admitiu publicamente sua fragilidade política durante um encontro com o presidente Jair Bolsonaro, onde lamentou ter sido politicamente sobrepujado por Marcos Rogério e Costa Neto, dois pesos pesados de seu espectro político. A cena, descrita em detalhes pelo Rondonia Dinâmica, mostra um Bagattoli emocionalmente abalado, confessando sua incapacidade de enfrentar adversários dentro de seu próprio campo político. No entanto, paradoxalmente, sua determinação parece redobrar quando se trata de promover medidas que facilitam o desmatamento. Essa incongruência entre a falta de força para confrontar desafios políticos e a energia despendida para enfraquecer proteções ambientais levanta questões profundas sobre as verdadeiras prioridades e a consistência dos princípios defendidos pelo senador.
Enquanto isso, em outro espectro completamente diferente do absurdo político, a deputada Cristiane Lopes (UNIÃO/RO) dirigiu suas energias para uma Moção de Repúdio contra Madonna, Anitta e Pablo Vittar, por uma performance no Rio de Janeiro, que ela descreveu como um insulto à fé cristã predominante no Brasil e um espetáculo de "forte viés erótico". A ironia não poderia ser mais amarga quando consideramos que, ao mesmo tempo em que grandes áreas da Amazônia enfrentam o risco de extinção, preocupações morais sobre apresentações pop ocupam o tempo legislativo.
Rogério "meteu" a "rasteira" em Bagattoli no PL de Rondônia e o pecuarista admitiu fraqueaza / Reprodução
O ridículo da situação se aprofunda ao imaginar Madonna e Pablo Vittar tremendo de medo após a leitura da moção da Deputada Cristiane Lopes. Certamente, a pop star internacional deve estar agora preocupada com seu futuro, potencialmente contemplando uma nova vida sob as pontes do Rio Sena, pois, claro, a influência de uma moção de repúdio assinada por uma deputada pouco conhecida fora de Rondônia é justamente esse tipo de coisa que arruina carreiras globais. E enquanto Madonna procura por um novo lar debaixo de uma ponte, o senador Bagattoli segue tentando convencer o mundo de que menos árvores equivalem a mais progresso.
Madonna não vai dormir mais depois do repúdio assinado por Cristiane Lopes / Reprodução
Esses episódios são emblemáticos de um descompasso grotesco entre as urgências ambientais e sociais do país e as prioridades de alguns de seus líderes políticos. Eles não apenas sublinham uma política de distrações, mas também desafiam o público a ponderar sobre o tipo de futuro que tais políticas irão forjar. Em uma época onde liderança e visão são mais necessárias do que nunca, esses políticos parecem estar olhando para trás, ou pior, para o lado errado.
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