Rondoniadinamica
Publicada em 20/05/2024 às 15h06
Porto Velho, RO – No complexo xadrez político de Rondônia, Jaime Bagattoli, senador pelo Partido Liberal (PL), parece desafiar não apenas as expectativas mas também as diretrizes explícitas de sua própria legenda. Em um movimento surpreendente, Bagattoli manifestou apoio público a Valdir Vargas, pré-candidato do Progressistas (PP) à prefeitura de Porto Velho, distanciando-se assim das orientações partidárias e de figuras de liderança como o ex-presidente Jair Bolsonaro. O caso ganhou destaque quando Bagattoli declarou no Instagram: "Hoje (18) tive a satisfação de prestigiar o lançamento oficial do nosso pré-candidato Valdir Vargas à Prefeitura de Porto Velho (RO)."
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Bagattoli ignorou completmaente a pré-candidatura do colega Coronel Chrisóstomo (PL) / Reprodução
Essa ação contradiz diretamente um comunicado do PL, assinado por Valdemar Costa Neto, que estabelece claramente: "Conforme prevê o Estatuto do Partido Liberal, em seu artigo 48, § 10, inciso III, estará sujeito à instauração de processo ético disciplinar, detentor de mandato eletivo que apoiar, clara ou veladamente, candidato de outro partido, em eleição que o Partido Liberal tenha candidatos." Neste caso, o PL já havia posicionado o Coronel Chrisóstomo como seu pré-candidato à mesma prefeitura.
Valdemar Costa Neto avisou: quem apoiar candidato que não seja do PL pode ser dar mal / Reprodução
Esta não é a primeira vez que Bagattoli encontra-se em rota de colisão com a liderança de sua legenda. Anteriormente, Marcos Rogério, com o apoio de Costa Neto, assumiu o controle do PL em Rondônia, uma posição que Bagattoli alegou não ter tido força para disputar. Paralelamente, Ivo Cassol, figura central no PP e ex-governador de Rondônia, também é conhecido por suas manobras audaciosas, como quando suplantou sua própria irmã e o cunhado da Secretaria de Agricultura de Rondônia (Seagri/RO), consolidando seu poder no PP com o apoio de Ciro Nogueira.
A trajetória de Bagattoli reflete uma série de disputas internas e reconfigurações de poder que são emblemáticas da política regional.
Por tratar-se de período ainda de pré-campanha, não é possível afirmar que Bagattoli esteja incorrendo em qualquer irregularidade dentro dos ditames da própria legenda. Entretanto, pelo "carinho" e "amor" demonstrados pelo potencial postulante do PP em suas redes sociais, além do afeto demonstrado por Cassol, é possível dizer, sem sombra de dúvidas, que a intenção é, sim, trair. Assim, Bagattoli parece estar dando de "volta" a "rasteira" que o PL de Bolsonaro, com Valdemar Costa Neto e Marcos Rogério, lhe aplicaram ao tirar as rédeas estaduais da legenda de suas mãos.
Em suma, as "rasteiras" políticas não são incomuns e servem como lembretes amargos das dinâmicas voláteis que caracterizam a política brasileira. Neste jogo, alianças são frequentemente descartadas em favor de novas oportunidades e estratégias que prometem maior controle e influência.
De rasteira em rasteira, a política de Rondônia mostra que os atores que se deixam enganar ou que subestimam seus adversários podem, inevitavelmente, encontrar-se cambaleantes e sem suporte. Na arena política, como na vida, aqueles que não aprendem a manter o equilíbrio podem acabar sem “pernas” para se sustentar.
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