G1
Publicada em 14/06/2024 às 10h06
Em clima de tensão que remonta à Guerra Fria, a Rússia disse que os Estados Unidos não deveriam se preocupar com os navios de guerra russos que estão em Cuba para exercícios militares.
Autoridades cubanas já haviam dito que se trata de operação entre dois países com uma amizade histórica e que "nenhuma das embarcações russas carrega armas nucleares" e que "a presença dos russos não representa ameaça para a região". Espera-se que os navios russos permaneçam em Cuba até 17 de junho.
"Isso é uma prática normal para todos os Estados, incluindo uma grande potência marítima como a Rússia. Então, não vemos razão para preocupação neste caso", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a repórteres quando questionado sobre o suposto nervosismo americano por receio de transferência de armas russas a Cuba ou até mesmo a instalação de uma base militar na ilha.
Entretanto, os EUA ligaram o alerta porque a visita é interpretada como uma demonstração de força russa em meio às crescentes tensões entre o presidente russo, Vladimir Putin, e países do Ocidente por conta da guerra na Ucrânia.
Além de designar uma frota com três destróieres lançadores de mísseis, um navio e uma aeronave de patrulha marítima, os EUA lançaram também um submarino nuclear de ataque rápido para monitorar os navios russos, que chegou nesta quinta (13) na Baía de Guantánamo, onde o país opera uma base militar desde 1903. Os EUA interpretam que o exercício não representa uma ameaça, mas estão observando de perto, segundo o Conselheiro de Segurança, Jake Sullivan.
Perguntada sobre qual sinal Moscou estaria enviando com sua presença no Caribe, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, disse que o Ocidente "parece surdo" a qualquer sinal diplomático de Moscou e que presta atenção apenas quando o Exército ou a Marinha russos fazem alguma coisa.
"Quando se trata de exercícios ou viagens marítimas, imediatamente ouvimos perguntas e um desejo de saber do que se tratam essas mensagens. Por que apenas os sinais relacionados ao nosso Exército e Marinha chegam ao Ocidente? Por que o Ocidente permanece completamente surdo e, em seguida, cria as campanhas mais poderosas para impedir que os sinais (diplomáticos) russos entrem em seu contexto informativo?", afirmou Zakharova.
As tensões estão altas porque no início de maio a Ucrânia foi autorizada a utilizar armas fornecidas pelos aliados contra a Rússia, o que foi interpretado por Vladimir Putin como uma escalada séria, e ameaçou enviar armamentos a países aliados. Putin já havia dito também que poderia utilizar armas nucleares caso sentisse que a soberania do país estivesse ameaçada.
A caminho para Cuba, os navios russos realizaram exercícios militares no Oceano Atlântico, em que simularam ataques a alvos marítimos a 600 quilômetros de distância com mísseis hipersônicos, segundo o Ministério de Defesa russo.
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