G1
Publicada em 07/08/2024 às 10h37
O Reino Unido vem enfrentando uma série de protestos da extrema direita na última semana. Alimentados por desinformação online, britânicos vêm entrando em confronto com a polícia para se manifestar contra a imigração por causa do ataque a faca que matou três meninas participavam de um clube de férias temático de Taylor Swift em Southport. O culpado do crime, no entanto, é britânico.
Como o nome do responsável pelo crime não havia sido divulgado por ele ser menor de idade, houve disseminação de informações incorretas sobre sua identidade. Para conter a onda de violência, a Justiça ainda suspendeu a ordem de anonimato e divulgou o nome do acusado, Axel Rudakubana, mas a medida não foi suficiente.
A polícia de Merseyside confirmou que o jovem de 17 anos nasceu em Cardiff, é filho de pais ruandeses e parece não ter nenhuma ligação conhecida com o islamismo.
Nesta terça-feira (7), após centenas de detenções, três manifestantes presos foram os primeiros a receber sua sentença. Todos se declararam culpados e foram condenados por perturbação à ordem pública.
"A dor genuína e coletiva dos moradores de Southport foi efetivamente sequestrada por esse comportamento insensível", disse o juiz Andrew Menary ao dar as sentenças.
As condenações
Derek Drummond, de 58 anos, foi condenado a três anos de prisão e também responde por agressão após dar um soco em um policial.
Declan Geiran, de 29 anos, ficará preso por 30 meses e também foi condenado por incêndio criminoso após atear fogo em uma van da polícia.
Liam Riley, de 41, ficará 20 meses na prisão e responde ao crime de desordem com agravante racial.
Na segunda (5), o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, prometeu "fortalecer a justiça criminal" para garantir "condenações rápidas". Ele também anunciou a criação de um batalhão de polícia permanente para lidar com os tumultos depois que, um dia antes, dois hotéis usados para abrigar requerentes de asilo foram atacados.
Novos protestos programados
Segundo a BBC, há relatos de pelo menos 30 protestos sendo planejados para esta quarta e cerca de 6 mil policiais estão mobilizados para contê-los.
Um centro de imigração em Walthamstow, no nordeste de Londres, é um dos listados como alvo. Há um contraprotesto programado para ocorrer no mesmo horário.
O Asylum Link Merseyside, que apoia requerentes de asilo e refugiados em Liverpool, tomou a decisão de fechar e não aceitar nenhuma chegada. "Nossa equipe está trabalhando atualmente para proteger o prédio", disse.
Vários escritórios de advocacia especializados em imigração e centros de apoio a migrantes fecharam durante esta quarta, e alguns serviços médicos de família em áreas afetadas pelos protestos disseram que fechariam mais cedo para proteger suas equipes.
O chefe de polícia de Londres, Mark Rowley, disse que os policiais estarão em locais estratégicos para agirem rápido e que o planejamento foi baseado na lista de possíveis alvos, mas que os agentes também estarão prontos para outras eventualidades.
"É por isso que temos milhares de policiais esta noite. Nós protegeremos essas pessoas", disse ele a repórteres.
Mensagens que circularam nas redes sociais e grupos de WhatsApp detalham áreas a serem evitadas. O governo e a polícia condenaram as ameaças.
"Incitar multidões a atacar escritórios ou ameaçá-los de qualquer forma, é inaceitável. Aqueles que forem pegos fazendo isso enfrentarão toda a força da lei", disse a Ministra da Justiça Shabana Mahmood.
Acusações contra o réu
O adolescente que realizou o ataque que desencadeou todos os protestos não foi acusado de terrorismo, mas enfrenta três acusações de assassinato pelas mortes de Alice Dasilva Aguiar, de 9 anos, Elsie Dot Stancombe, de 7, e Bebe King, de 6.
Ele também vai responder por 10 acusações de tentativa de homicídio pelas oito crianças e dois adultos que ficaram feridos.
O juiz decidiu colocá-lo em prisão preventiva em um centro para menores.
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