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Publicada em 27/08/2024 às 09h53
O presidente da França, Emmanuel Macron, recusou-se a nomear a candidata do bloco parlamentar de esquerda para o cargo de primeira-ministra nesta segunda-feira (26).
A decisão prolonga o impasse político no país, oficialmente sem premiê desde que a coalizão de Macron, Juntos, saiu derrotada das eleições parlamentares realizadas no mês passado. Gabriel Attal, nomeado em janeiro deste ano, continua no posto apenas interinamente.
A frente de centro-direita a que Macron pertence foi a segunda mais votada no pleito, com 168 cadeiras. O primeiro lugar, com 182 assentos, ficou com a esquerdista NFP (Nova Frente Popular), que une socialistas, comunistas e ambientalistas; e o terceiro, com 143 assentos, com a ultradireitista RN (Reunião Nacional).
A Constituição francesa dita que o presidente tem prerrogativa na escolha do líder do Legislativo, mas o nome precisa ter apoio da maioria do Parlamento.
Como a NFP obteve mais votos do que qualquer outra coalizão, seus representantes defendem que a sua candidata -Lucie Castets, 37, uma funcionária pública pouco conhecida- deve ser nomeada primeira-ministra.
Na sexta (23), quando Macron iniciou as consultas para indicar um novo premiê, Castets chegou a afirmar isso diretamente ao presidente, argumentando que sua frente tinha direito de formar o próximo governo.
Mas o grupo precisaria de mais 96 cadeiras para ter maioria simples na Assembleia Nacional, e enfrenta grande resistência das demais forças políticas para assumir o poder -sobretudo porque a NFP abriga o partido ultraesquerdista LFI (França Insubmissa), liderado pelo radical Jean-Luc Mélenchon.
Ainda nesta segunda, por exemplo, os líderes da ultradireitista RN, Marine Le Pen e Jordan Bardella, avisaram a Macron que convocariam um voto de desconfiança caso um candidato da NFP assumisse a chefia do Legislativo. A aprovação de uma moção do tipo tem potencial de levar à renúncia do premiê e até mesmo à realização de novas eleições.
"A NFP [...] é um perigo para a ordem pública, a paz e, obviamente, a economia do país", disse Bardella a jornalistas na ocasião. "Queremos proteger o país de um governo que fraturaria a sociedade."
Enquanto isso, Le Pen sugeriu a convocação de um novo referendo para resolver o impasse político. Opôs-se, contudo, à nomeação de um "governo técnico", de especialistas e tecnocratas sem filiação partidária muito pronunciada, alternativa discutida nos veículos de mídia franceses pelo menos desde as eleições legislativas.
A oposição à NFP como um todo e à Castets em particular levaram Macron a decidir seguir com as consultas em nome da "estabilidade institucional", nas palavras dele.
"Um governo baseado unicamente no programa e nos partidos propostos pela aliança com o maior número de deputados, a NFP, seria imediatamente censurado", afirmou o presidente em comunicado.
Ele volta, assim, a conversar com líderes políticos nesta terça (27) -a coalizão de esquerda declarou que não pretendia se reunir novamente com o presidente se ele não indicasse Castets.
Pessoas próximas do presidente apontam que alguns dos nomes que ele considera para o cargo de premiê incluem Xavier Bertrand, 59, governador de uma região no norte do país e opositor feroz do RN, e Bernard Cazeneuve, 61, ex-primeiro-ministro e ministro do Interior do país de 2014 a 2016, quando ele sofreu uma onda de atentados.
Uma outra opção citada pela imprensa francesa é Karim Bouamrane, 51, prefeito de Saint-Ouen, na periferia de Paris. A cidade que o afiliado ao Partido Socialista governa se destacou nestas Olimpíadas ao abrigar atletas de todo o mundo.
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