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Publicada em 07/09/2024 às 09h56
Enfrentando a mais dura onda de ataques aéreos desde o começo da Guerra da Ucrânia, em 2022, o presidente Volodimir Zelenski criticou o ritmo de entrega de ajuda militar e as restrições ao emprego de armas contra a Rússia de seus aliados no Ocidente. Não teve sucesso em convencê-los.
"Estou grato a todos os parceiros pelo fato de que a cúpula da Otan em Washington foi marcada por decisões sobre defesa aérea para a Ucrânia. Contudo, muitos sistemas ainda precisam ser entregues", disse, em referência à reunião anual da aliança militar liderada pelos EUA, em julho.
Zelenski discursou em um encontro da coalizão de países que fornecem ajuda militar a Kiev na base aérea da Otan de Ramstein, na Alemanha. Depois de agradecer EUA, Reino Unido e França por terem entregado alguns mísseis de longo alcance, ele foi ao ataque.
O emprego deles permitiu "muitas operações importantes, em particular na Crimeia" anexada por Putin em 2014. "Agora ouvimos que sua política para [ataques] de longo alcance não mudou, mas vemos mudanças nos [mísseis] ATACMS, Storm Shadow e Scalp -a falta de mísseis e de cooperação", disse.
Para ele, as "linhas vermelhas" que a Otan teme, nominalmente uma guerra nuclear com a Rússia, não existem e sua invasão da região meridional russa de Kursk prova isso.
A argumentação não comoveu o anfitrião, o ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius. Segundo ele, nada muda na proibição de emprego de armas de seu país contra alvos fora de áreas fronteiriças russas que ofereçam perigo à Ucrânia -o envio dos sofisticados mísseis de cruzeiro Taurus, então, nem pensar.
Já Lloyd Austin, o secretário de Defesa americano, disse que seus mísseis ATACMS não fariam diferença contra alvos muito distantes da fronteira ucraniana. Ele disse que para isso servem os drones domésticos já empregados por Kiev na Rússia, argumentação semelhante à do britânico John Healey.
Desde pouco antes do início da invasão, Putin sacou a carta nuclear diversas vezes, o que sempre modulou o ritmo da escalada no apoio militar a Kiev, além de manter forças da Otan fora do conflito direto.
Zelenski voltou a dizer que ter capacidade de atacar bases aéreas dentro da Rússia irá acabar por fazer Vladimir Putin negociar. Sua polêmica invasão de Kursk, que expôs o leste ucraniano ao risco de cair em mãos do Kremlin devido ao desvio de recursos e pessoal, foi apoiada pelos EUA.
"O Exército de agressão do Kremlin agora está na defensiva em sua própria casa", disse Austin. Se isso é verdade, é algo limitado: a operação em Kursk humilhou Putin, mas está restrita a 0,007% do território russo e está estagnada.
Em casa, o clima para Zelenski é de crise. Ele trocou praticamente metade de seus ministros, inclusive o chanceler, para tentar apresentar "uma nova energia" na condução da guerra.
Já os russos estão avançando, principalmente em Donetsk (leste), onde conquistaram mais uma vila no caminho do centro logístico de Pokrovsk.
Na véspera, Putin havia dito que a ação por lá era seu principal objetivo neste momento. Ele disse que topa negociar com Kiev, mas em seus termos: cessão de todas as quatro áreas que anexou, embora não controle completamente, neutralidade e desmilitarização do vizinho.
Para não sair de mãos abanando, Zelenski recebeu novas promessas de seus aliados. A Alemanha disse que dará mais 12 obuseiros, o Reino Unido, mísseis antiaéreos, o Canadá, armas leves, e os EUA, um novo pacote com US$ 250 milhões (R$ 1,4 bilhão) em ajuda.
Segundo o Instituto para a Economia Mundial de Kiel (Alemanha), até 30 de junho os EUA lideravam o ranking de apoio militar a Kiev, com o equivalente a R$ 317 bilhões destinados. Alemanha vinha em segundo, com R$ 62 bilhões, à frente dos britânicos (R$ 54,7 bilhões).
Na semana passada, a também membro da Otan Romênia aprovou a doação de uma preciosa bateria antiaérea americana Patriot para Kiev. Desde a semana passada, Putin tem feito alguns dos mais poderosos e mortíferos ataques aéreos à Ucrânia.
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