G1
Publicada em 17/09/2024 às 15h18
As explosões coordenadas de pagers usados pelo grupo Hezbollah foram provocadas por explosivos implantados previamente nos equipamentos, segundo a agência árabe Al Jazeera. Nove pessoas morreram e outras 2.750 ficaram feridas, nesta terça-feira (17).
O grupo extremista e o governo do Líbano responsabilizaram Israel pelo ataque. Até a publicação desta reportagem, o governo israelense não havia se pronunciado.
De acordo com a Al Jazeera, fontes da segurança libanesa informaram que os pagers que explodiram foram importados pelo Hezbollah há 5 meses. Dentro dos equipamentos, foram identificadas cargas explosivas de até 20 gramas.
A forma como a carga explosiva foi ativada ainda está sendo investigada, segundo a agência.
Possibilidades
Especialistas ouvidos pela agência americana Associated Press já haviam indicado duas possibilidades:
A implantação de explosivos nos pagers.
O envio de um pulso eletrônico que provocou a explosão.
Um membro do Hezbollah disse à agência que os pagers esquentaram antes de explodir. Os equipamentos eram de uma marca que não era comumente usada pelo grupo.
Ainda segundo a Associated Press, os pagers foram comprados pelo Hezbollah após o líder do grupo ordenar a suspensão do uso de celulares. A estratégia foi adotada para evitar que a inteligência israelense rastreasse informações do grupo.
O especialista Alex Plitsas disse que imagens divulgadas nesta terça-feira após o ocorrido indicam sinais de detonação.
"Um incêndio de bateria de íons de lítio é uma coisa, mas nunca vi explodir assim. Parece uma pequena carga explosiva", disse.
Segundo Plitsas, neste caso, existiria a possibilidade de Israel estar ciente da compra do Hezbollah. Sendo assim, de alguma forma, a inteligência israelense teria modificado os equipamentos antes da entrega.
Já Yehoshua Kaliskyy, cientista e pesquisador sênior do Institute for National Security Studies, afirmou que um pulso eletrônico enviado à distância pode ter provocado as explosões.
"Não é uma ação aleatória. Foi deliberada e conhecida”, afirmou.
O ataque
A onda de explosões durou cerca de uma hora após as detonações iniciais, que ocorreram por volta das 15h45 no horário local. Entre os mortos, estão uma menina e dois integrantes do Hezbollah, segundo o grupo xiita.
Imagens das câmeras de segurança de um supermercado em Beirute registraram o momento de duas dessas explosões: uma de um homem que pagava suas compras no caixa e outra perto de uma bancada de frutas.
O embaixador do Irã no Líbano, Mojtaba Amani, foi um dos feridos pelas explosões. Segundo a embaixada, Amani sofreu ferimentos leves.
A Cruz Vermelha Libanesa diz que mais de 50 ambulâncias e 300 equipes médicas de emergência foram enviadas para ajudar no socorro às vítimas.
Após as explosões desta terça, o governo libanês pediu que todos os cidadãos que possuem pagers joguem os dispositivos fora imediatamente, segundo a agência de notícias estatal do Irã Irna.
Um representante do Hezbollah, que falou à agência de notícias Reuters sob condição de anonimato, afirmou que a detonação dos pagers foi a "maior falha de segurança" a qual o grupo foi submetido desde o início da guerra, em 7 de outubro de 2023.
Os pagers foram um meio de comunicação móvel desenvolvido nas décadas de 1950 e 1960 que se popularizou durante as décadas de 1980 e 1990, antes do crescimento do uso de celulares.
No Brasil, eles ficaram conhecidos como "bipes". Para se comunicar com alguém, a pessoa precisava ligar para uma central telefônica e informar a um atendente para qual número ela gostaria de enviar uma mensagem — o conteúdo deveria ser curto.
Conflitos entre Israel e Hezbollah se intensificaram
Os conflitos entre o Hezbollah e Israel se intensificaram com o início da guerra em Gaza, após os ataques do Hamas ao território israelense, no dia 7 de outubro do ano passado.
Aliado do grupo terrorista da Faixa de Gaza, o grupo libanês disparou mísseis contra o norte de Israel e, desde então, os dois países têm trocado ataques constantes. Milhares de pessoas tiveram que ser deslocadas de cidades e vilas de ambos os lados da fronteira devido às hostilidades.
A situação piorou após a morte do chefe do Hamas Ismail Hanyieh e do comandante do Hezbollah Fuad Shukr, em julho deste ano. Irã e o grupo extremista prometeram vingança contra o governo israelense.
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