G1
Publicada em 21/09/2024 às 09h54
O ministro das Relações Exteriores do Líbano, Abdallah Bou Habib, acusou Israel de terrorismo pelas explosões de pagers e de walkie-talkies de membros do Hezbollah ocorridas no país nesta semana. Segundo Habib, os ataques foram "um método de guerra sem precedentes por sua brutalidade e seu terror" e "simplesmente terrorismo".
A acusação ocorreu durante reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU nesta sexta-feira (20), que discutiu as explosões. A reunião foi convocada pelo Líbano após os ataques . Abdallah Habib disse ainda que o Líbano "não busca vingança, apenas Justiça".
Irã, Líbano e Hezbollah acusam Israel de ser responsável pela ação coordenada que levou à explosão dos dispositivos usados pelos membros do grupo terrorista, entre terça e quarta (18), e deixou 37 mortos e mais de três mil feridos, segundo o Ministério da Saúde libanês. O governo israelense, no entanto, não assumiu a autoria das explosões --que acirraram as tensões entre Israel e Hezbollah.
O representante de Israel na reunião do Conselho de Segurança, por sua vez, afirmou que o país não está buscando um conflito maior na região, mas que Hezbollah está violando a "lei internacional" e caso não se retire da fronteira norte de Israel por meios diplomáticos, Israel "usará quaisquer meios necessários para defender seus cidadãos".
O representante israelense disse ainda que o Hezbollah realiza bombardeios diários em território israelense e que país não permitirá que os ataques do grupo extremista continuem e "fará o que for necessário para devolver os israelenses às suas casas no norte".
O alto comissário para os Direitos Humanos da ONU, Volker Turk, disse que as explosões violaram o direito internacional dos direitos humanos e pediu responsabilização daqueles que ordenaram e executaram os ataques devem ser responsabilizados. (Leia mais abaixo)
O representante dos EUA na reunião do Conselho da ONU, Robert Wood, disse que um conflito entre Israel e Hezbollah não é desejável nem inevitável, e os EUA esperam que todas as partes cumpram o direito humanitário internacional e tomem todas as medidas razoáveis para minimizar os danos aos civis.
Violação de direitos humanos
O alto comissário de Direitos Humanos da ONU, Volker Turk, disse que o ataque coordenado realizado aos pagers e walkie-talkies do Hezbollah viola o direito internacional dos direitos humanos, porque milhares de pessoas poderiam ter sido atingidas pelas explosões simultaneamente e não havia o conhecimento de quem estava em posse dos dispositivos visados, além da localização.
Volker Turk também pediu uma investigação "independente, minuciosa e transparente" sobre as explosões de dispositivos no Líbano, ocorridas entre terça e quarta-feira (18), que causaram 37 mortes e deixaram mais de três mil feridos, segundo o Ministério da Saúde libanês.
Segundo Turk, também é difícil conceber como os ataques poderiam estar alinhados aos princípios fundamentais de distinção, proporcionalidade e precauções em ataques militares, conforme o direito humanitário internacional.
O enviado do Irã na ONU disse ao Conselho de Segurança que, em prol da paz regional, da segurança e das negociações de cessar-fogo em Gaza, o Irã tem "demonstrado consistentemente o máximo de contenção".
Tensão Israel x Hezbollah
Segundo a secretária-geral adjunta para Assuntos Políticos da ONU, Rosemary DiCarlo, o Conselho pedirá a interrupção de hostilidades entre Israel e Hezbollah, que têm potencial para aumentar dos conflitos no Oriente Médio.
Rosemary alertou também que se as coisas continuarem como estão entre Israel, Hamas e Hezbollah, "corremos o risco de ver uma conflagração que pode superar até mesmo a devastação e o sofrimento testemunhados até agora".
Desde as explosões, as tensões entre Israel e o Hezbollah se acirraram e as trocas de agressões se intensificaram, com bombardeios no norte israelense e no Líbano. Israel disse que iniciou uma "nova fase da guerra", e o grupo extremista libanês afirmou que as explosões dos dispositivos caracterizam uma declaração de guerra.
Nesta sexta (20), o Exército israelense bombardeou Beirute, capital libanesa, e matou um dos comandantes de operações militares do grupo extremista. Em resposta, o Hezbollah lançou 150 foguetes em direção de Israel. Os bombardeios trocados entre Israel e Hezbollah nesta sexta também foram tema da reunião do Conselho de Segurança.
O embaixador da Eslovênia na ONU, Samuel Zbogar, presidente do conselho, disse que a reunião foi solicitada pela Argélia em nome do Líbano e dos estados árabes.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, também falou sobre a situação e condenou o uso de objetos civis como armas:
"Acho que é muito importante que haja um controle efetivo de objetos civis, não que objetos civis sejam transformados em armas. (...) Há um sério risco de uma escalada dramática no Líbano — e tudo deve ser feito para evitar a escalada. O que aconteceu é particularmente grave, não só pelo número de vítimas que causou", disse Guterres em uma entrevista coletiva na sede da ONU.
Explosões de pagers e de walkie-talkies
Um dia após pagers do Hezbollah explodirem, vários "walkie-talkies" do grupo extremista também foram detonados nesta quarta-feira (18) em Beirute e no sul do Líbano. Três pessoas morreram e milhares ficaram feridas, de acordo com a agência de notícias estatal libanesa.
Criados na Segunda Guerra Mundial, os "walkie-talkies" são dispositivos de troca de mensagens de voz que mandam e recebem mensagem entre si via ondas de rádio.
A agência de notícias estatala libanesa afirmou que vários sistemas de energia solar de casas em Beirute também explodiram e que alguns "walkie-talkies" foram detonados em funerais de vítimas do ataque aos pagers na terça-feira.
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