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Publicada em 24/09/2024 às 15h50
A Venezuela passa por uma crise política ainda maior que a dos últimos anos desde as eleições presidenciais, no final de julho, mas não foi tema dos discursos dos presidentes da Colômbia, Gustavo Petro, e do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Assembleia-Geral da ONU.
Personagens centrais na negociação regional por uma saída diplomática no país vizinho, ambos discursaram nesta terça-feira (24) na plenária do órgão, em Nova York -o petista abriu o evento, seguindo a tradição na qual o Brasil inaugura as falas dos líderes, e Petro foi o sétimo a falar. Lula, que focou sua fala na guerra entre Israel e Hamas e na crise climática, nem sequer citou a Venezuela.
Já Petro fez uma rápida menção ao vizinho, mas apenas para reforçar o ponto central de seu discurso -a crítica a países ricos- e quase em tom de defesa de Caracas. "É esse 1% mais rico da humanidade, a poderosa oligarquia global, que permite que se atirem bombas em mulheres, idosos e crianças de Gaza, do Líbano ou do Sudão, ou que se bloqueie economicamente os países rebeldes que não se encaixam em seu domínio, como Cuba ou Venezuela", afirmou o colombiano.
Não houve nenhuma referência dos dois às investidas de Nicolás Maduro contra a oposição após seus adversários questionarem a declaração de vitória do ditador feita pelos órgãos locais, mesmo sem apresentação das atas eleitorais que demonstrariam o resultado nas urnas. Tanto Petro quanto Lula vêm evitando críticas mais duras a Maduro, sob o argumento de que isso pode dificultar ainda mais as articulações com Caracas.
Sanções mais robustas ao setor petrolífero da Venezuela foram impostas pela primeira vez durante o governo do ex-presidente americano Donald Trump, em 2019, após a vitória de Maduro na eleição anterior, já contestada por opositores e líderes ocidentais. Caracas teve um alívio promovido por Joe Biden, mas a nova crise fez Washington retomar alguns bloqueios.
Regime e oposição afirmam que venceram o pleito de julho, embora só a oposição tenha divulgado as atas que tem em mãos. Os documentos, verificados por organizações independentes, dão vitória ao ex-diplomata Edmundo González, atualmente exilado na Espanha após ser alvo de um mandado de prisão do regime.
O assunto é de especial interesse à Colômbia -o país é o principal destino da diáspora venezuelana e hospeda mais de 2,8 milhões dos 7,7 milhões de migrantes e refugiados, seguida por Peru (1,5 milhão) e Brasil (568 mil).
Petro ainda alertou sobre as queimadas na amazônia, assim como Lula. "Hoje as coisas estão piores que há um ano", afirmou o líder colombiano, que falou no risco de se chegar a um ponto irreversível -o país divide parte do território da floresta com o Brasil. "Começou o fim."
Ao comentar sobre o conflito no Oriente Médio, outro ponto de seu discurso, Petro chamou o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, de criminoso. "O povo de Deus não é o povo de Israel, não é o povo dos EUA, o povo de Deus é a humanidade toda. As crianças de Gaza eram o povo de Deus. Estão matando o povo escolhido de Deus. As crianças da humanidade.
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