G1
Publicada em 03/10/2024 às 09h12
O prefeito de Maracaibo, a segunda maior cidade de Venezuela, foi preso pelo serviço de inteligência do país na terça-feira (1º), de acordo com a Agência France-Presse (AFP). Rafael Ramírez, de 49 anos, é opositor do presidente Nicolás Maduro.
O partido do prefeito, Primeiro Justiça, declarou que "não há justificativa alguma" para a prisão. "Rejeitamos a prisão do prefeito de Maracaibo quando desempenhava trabalhos inerentes ao cargo", afirmou. Ramírez foi eleito em 2021.
Nesta quarta-feira (2), o Ministério Público (MP) da Venezuela, ligado ao presidente, informou que vai processar o prefeito por suspeitas de corrupção.
Segundo o MP, um promotor especializado no tema foi nomeado para apurar "várias denúncias contra funcionários da Prefeitura de Maracaibo por crimes previstos na lei contra a corrupção"
"O Ministério Público colheu elementos suficientes e provas que incriminam os referidos investigados", que serão apresentados nas próximas horas em tribunais "para serem acusados", informou o órgão.
A agência informou que Ramírez foi levado à sede local do serviço de inteligência, segundo o partido. O prefeito foi detido com seu chefe de segurança e outra funcionária do seu gabinete, informou uma fonte à AFP.
A Prefeitura de Maracaibo afirmou que o prefeito "e outros funcionários foram detidos sem justificativa alguma ou qualquer explicação. Pedimos a libertação imediata de Rafael Ramírez Colina e respeito às instituições e aos espaços dos poderes públicos."
Opositores
Maracaibo é a capital do estado petroleiro de Zulia, que tem o maior eleitorado do país e é um reduto tradicional da oposição. O governador é o também opositor Manuel Rosales.
A opositora Plataforma Unitária, que reúne dez partidos, classificou a prisão de Ramírez como "arbitrária e ilegal". "Não há motivo algum para que ele esteja privado de liberdade, motivo pelo qual exigimos a sua libertação imediata."
A prisão do prefeito ocorreu em meio a uma crise política desencadeada pela reeleição do presidente Nicolás Maduro, classificada como uma fraude pela oposição, que reivindica a vitória de seu candidato, Edmundo González Urrutia, exilado na Espanha após o MP abrir uma investigação contra ele.
Forças opositoras denunciam que 154 de seus líderes foram presos desde o início do ano, incluindo membros da equipe de campanha de González e colaboradores próximos à líder opositora María Corina Machado.
Mais de 2,4 mil pessoas foram detidas no contexto das manifestações que eclodiram após a proclamação da reeleição de Maduro, que deixaram 27 mortos e cerca de 200 feridos, segundo dados oficiais.
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