Rondoniadinamica
Publicada em 10/10/2024 às 10h14
Porto Velho, RO – O primeiro turno das eleições municipais em Porto Velho, ocorrido no último domingo, 06 de outubro, desenhou um panorama que, à primeira vista, parecia definir Mariana Carvalho (União Brasil) como favorita, com seus 111.329 votos. Entretanto, Léo Moraes (Podemos), segundo colocado com 64.125 votos, ainda tem grandes chances de virar o jogo. A chave para essa virada está nas mãos dos candidatos que não passaram para o segundo turno e dos seus eleitores. Com 74.559 votos distribuídos entre Célio Lopes (PDT), Euma Tourinho (MDB), Benedito Alves (Solidariedade), Ricardo Frota (NOVO) e Samuel Costa (Rede), o destino desses votos pode decidir quem será o próximo prefeito de Porto Velho.
A grande questão que se coloca é: para onde irão os votos dos candidatos derrotados?
Célio Lopes e o caminho a ser trilhado
Célio Lopes, candidato do PDT, figura ora importante na esquerda de Porto Velho, conseguiu garantir uma posição de destaque, superando Euma Tourinho, com quem travou uma disputa significativa. Lopes, porém, ainda não declarou oficialmente seu apoio a nenhum dos dois finalistas. Há quem cogite que sua inclinação seja apoiar Mariana Carvalho, embora ele não tenha confirmado isso. No entanto, ele também se mostrou aberto a conversar com Léo Moraes, cujo histórico legislativo, embora alinhado à direita, demonstra uma abertura a pautas progressistas.
Esse impasse pode gerar incerteza entre os eleitores de Lopes, já que sua base, predominantemente de esquerda, pode não seguir automaticamente qualquer direção que ele venha a apoiar. Além disso, Célio não esconde sua satisfação por ter ultrapassado Euma Tourinho, sinalizando que sua força política é relevante e que sugerindo papel decisivo no segundo turno.
Euma Tourinho e a possível adesão a Léo Moraes
Euma Tourinho, ex-juíza e candidata do MDB, adotou uma postura crítica durante o primeiro turno, e sua campanha não hesitou em atacar adversários, incluindo Mariana Carvalho. Entretanto, ela fez elogios pontuais a Léo Moraes, chamando-o de "bem intencionado", o que pode indicar uma inclinação a apoiá-lo no segundo turno. O MDB, à exceção de Confúcio Moura em termos locais, não se alinhou à esquerda, e Euma, por sua vez, deixou claro seu distanciamento das pautas progressistas. Assim, caso declare apoio a Moraes, essa transferência de votos pode ser relativamente natural, embora também dependa do quanto seus eleitores se identifiquem com a figura do candidato do Podemos.
Moraes, um político de centro-direita com um histórico de apoio a algumas pautas progressistas, tem conseguido atrair eleitores diversos. Sua postura pragmática pode ser o que falta para conquistar os votos de Euma e de outros candidatos mais ao centro ou até mesmo alguns de centro-esquerda.
Benedito Alves, Ricardo Frota e Samuel Costa
Entre os outros candidatos, Samuel Costa (Rede) possui uma base eleitoral menor, mas bastante engajada em pautas de sustentabilidade e justiça social. Dependendo da trajetória que seu apoio seguir, ele pode desempenhar um papel importante em um segundo turno equilibrado. A experiência recente mostra que até mesmo pequenos grupos podem fazer a diferença em pleitos apertados.
Benedito Alves e Ricardo Frota, por sua vez, também possuem um eleitorado que, embora mais discreto, pode ser decisivo. Frota, do NOVO, é identificado com pautas liberais e tende a direcionar seus eleitores para um candidato mais alinhado à direita, o que beneficiaria Mariana Carvalho. Benedito, que se desenhou como conservador, com mais de 11 mil votos, teria, igualmente, maiores condições de ligar seu eleitorado para o lado da candidata do União Brasil. O discurso do ex-conselheiro do Tribunal de Contas (TCE/RO) trilhou ideias liberais, logo, se conecta mais à primeira colocada na parte inicial do pleito.
O destino imprevisível dos votos
Apesar das conjecturas, a política, sobretudo em um segundo turno, é marcada por sua imprevisibilidade. A soma dos votos de Célio Lopes e Euma Tourinho poderia facilmente superar a diferença de 47.204 votos entre Mariana e Léo, caso todos os seus eleitores se posicionassem ao lado de Moraes. No entanto, essa transferência não é automática, especialmente em um cenário onde ideologias e personalidades tão diferentes estão em jogo.
Mariana Carvalho, que já conquistou uma ampla base eleitoral no primeiro turno, ainda precisa garantir que as alianças que construiu continuem firmes e, ao mesmo tempo, buscar atrair eleitores mais à direita, que podem estar indecisos entre ela e Léo Moraes. Sua imagem de moderada pode ser um trunfo para manter um diálogo aberto com eleitores de diferentes perfis.
Em 2022, por exemplo, o apoio de Léo Moraes a Marcos Rocha foi decisivo para a vitória do coronel sobre Marcos Rogério, o que mostra que até alianças aparentemente improváveis podem ser determinantes. Se a fórmula se repetir, Mariana poderia, em tese, ser a maior beneficiada pela articulação política.
O segundo turno das eleições em Porto Velho se revela uma disputa intensa e imprevisível. Embora Mariana Carvalho tenha saído na frente com uma vantagem significativa, os votos dos candidatos derrotados no primeiro turno são o verdadeiro ponto de inflexão nessa reta final. Célio Lopes e Euma Tourinho, ao lado dos demais candidatos, têm a capacidade de direcionar o pleito para qualquer lado. Contudo, as alianças que serão formadas, os acenos políticos e a adesão dos eleitores a essas articulações são fatores que não podem ser subestimados.
Em uma eleição cheia de nuances, qualquer deslize ou movimento estratégico mal calculado pode custar a vitória.
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