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Publicada em 15/10/2024 às 10h56
O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, disse em uma entrevista ao canal Globovisión que o presidente Lula (PT) e o presidente do Chile, Gabriel Boric, são agentes da CIA, a agência de espionagem dos Estados Unidos.
"Para mim, Lula foi cooptado na prisão. Essa é a minha teoria", disse Saab, que é aliado do ditador Nicolás Maduro. "Não é o mesmo que fundou o PT, que fundou e uniu os movimentos trabalhadores no Brasil. Não é o mesmo nem no seu físico, nem como se expressa."
"O Lula que vai preso por corrupção e que de repente aparece apto a concorrer, como se nada tivesse acontecido, e ganha a presidência... O senhor ganhou, senhor Lula, porque um tribunal eleitoral determinou sua vitória", disse, afirmando que o mesmo ocorreu quando da vitória de Maduro nas eleições em julho deste ano.
Após anos de proximidade, Lula se afastou do regime chavista depois que Maduro foi declarado vitorioso pelo órgão eleitoral do país no pleito de julho, contestado pela oposição e por parte da comunidade internacional.
O governo brasileiro insistiu na divulgação das atas eleitorais que comprovariam o resultado da eleição -esses documentos nunca foram apresentados oficialmente, e Maduro disse tê-los entregue à Corte Suprema do país, que validou sua vitória. A oposição, por sua vez, liderada por María Corina Machado e Edmundo González, publicou o que afirmou ser as atas e, com base nelas, declarou vitória.
"Quem é você, Boric, quem é você, Lula, para se intrometer nos assuntos internos da Venezuela?", disse Saab na entrevista, ecoando comentários de outros nomes fortes do chavismo, que rejeitaram as falas do presidente brasileiro sobre as eleições no país vizinho. Lula não reconheceu a suposta vitória de Maduro e chegou a sugerir a realização de um novo pleito. Boric também não reconheceu o resultado anunciado pelo regime.
Saab é responsável por uma série de ações jurídicas contra opositores, jornalistas e ativistas na Venezuela. Nas semanas seguintes à eleição, ele assinou pedidos de prisão de uma série de líderes antichavistas, incluindo González, que se exilou na Espanha.
Da mesma geração que Maduro, ambos nascidos em 1962, o procurador-geral se juntou ainda adolescente ao grupo radical liderado por Douglas Bravo, militante histórico da esquerda guerrilheira no país. Morto em 2021, Bravo é visto como mentor por Tarek, a quem chamava de irmão, e foi também grande influência de Maduro e Hugo Chávez (1954-2013), embora tenha depois se tornado crítico dos ditadores.
Formado em direito, Tarek já era chefe do escritório de direitos humanos vinculado ao Legislativo de Caracas em 1994. Foi nesse ano que se tornou importante aliado de Chávez, quando participou dos esforços que resultaram no indulto do futuro presidente, preso desde sua tentativa frustrada de golpe de Estado, em 1992.
Depois, foi deputado e governador de seu estado natal e participou ativamente da Constituinte de 1999, que terminou por fechar o Congresso e concentrar poder nas mãos de Chávez. Antes de assumir a Procuradoria, foi defensor público, já durante o regime Maduro.
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