Waldir Costa / Rondônia Dinâmica
Publicada em 16/11/2024 às 10h55
As eleições municipais (prefeito, vice e vereador) de outubro último consolidaram lideranças regionais, mas também serviram de alerta a muitos políticos que pregavam o slogan de “já ganhou”, o que não se confirmou quando as urnas foram abertas. Vários prefeitos confirmaram a popularidade e a confiança da população, e alguns, mesmo perdendo, demonstraram força. Também ficou evidente que a política deve ser praticada 24 horas por dia e não apenas no ano eleitoral.
Porto Velho, por exemplo, apesar da enorme aprovação à administração, o prefeito Hildon Chaves (PSDB), concluindo seu segundo mandato, não conseguiu que a candidata à sua sucessão, a ex-deputada federal e vereadora Mariana Carvalho (União Brasil), fosse eleita. Após um primeiro turno onde conseguiu mais de 44% dos votos válidos, foi derrotada no segundo turno por Léo Moraes (Podemos), ex-vereador, deputado estadual e deputado federal, que somou 56,18% dos votos válidos. Mariana obteve 43,82%.
Os 23 vereadores eleitos no primeiro turno pertencem à aliança de partidos que apoiaram Mariana. A virada de Léo foi histórica e, se ele já tinha compromissos firmados com o eleitorado da Capital, esses compromissos foram formalizados nos votos que recebeu no segundo turno, conquistando a confiança do eleitorado.
A responsabilidade do jovem, mas experiente, político Léo Moraes de formar uma boa equipe para uma administração eficiente é grande. Hildon está deixando a prefeitura com a entrega de um terminal rodoviário moderno e eficiente, ruas e avenidas pavimentadas no centro e bairros, boa participação na área rural e nos distritos, além de um município robusto financeiramente. Pecou, como todos que passaram pelo cargo, no saneamento básico, o “calcanhar de Aquiles” de Porto Velho.
No segundo maior e mais importante município econômica, política e socialmente de Rondônia, Ji-Paraná, a derrota do prefeito Isaú Fonseca (União) foi uma surpresa, pois a expectativa era de que ele conseguisse um novo mandato. Mas a juventude do deputado estadual Affonso Cândido (PL), sua passagem pela câmara de vereadores, inclusive como presidente, e sua rápida participação na chefia do Executivo foram importantes para sua vitória expressiva. A passagem do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por Ji-Paraná também ajudou bastante.
Como o prefeito Isaú Fonseca deixará um bom legado, com muitas ruas e avenidas pavimentadas, contas em dia e área rural eficiente, Affonso terá uma responsabilidade muito grande, pois será constantemente cobrado. Como é jovem e demonstrou que se dá bem em cargos executivos, a previsão é que o progresso e o desenvolvimento se mantenham e até se multipliquem. A exemplo de Léo Moraes em Porto Velho, tudo dependerá de uma boa equipe de governo.
Não há como ignorar a força política de outro jovem prefeito, Adailton Fúria (PSD), de Cacoal, que conseguiu se reeleger com uma votação das mais expressivas. Ele somou 83,16% dos votos válidos e se destaca como uma das principais lideranças do interior, inclusive com seu nome apontado para concorrer ao Governo do Estado nas eleições gerais de 2026 (presidente da República, governadores e os vices; duas das três vagas ao Senado de cada Estado e Distrito Federal; Câmara Federal e Assembleias Legislativas). Uma candidatura ao Governo do Estado ou a vice do interior em 2026 não pode deixar de ter o nome de Fúria entre eles. É uma liderança jovem, que se consolida no interior do Estado.
Outro político do interior que merece destaque é o delegado Flori Cordeiro (Podemos), reeleito prefeito de Vilhena, município de maior importância social, política e econômica do Cone Sul. Conseguiu um novo mandato com 74,43% dos votos válidos, contra 21,47% de Rosani Donadon (PRD). A vitória maiúscula de Flori em um reduto politicamente sempre dominado pelos Donadon o credencia a formatar novos rumos para 2026. Alicerce político ele tem.
A eleição do atual vice-prefeito de Jaru demonstra que a Família Gonçalves não é forte somente na área comercial (supermercados, frigoríficos) em Rondônia, mas também na política. João Gonçalves Júnior (PSDB), atual prefeito, foi reeleito em 2020 com votação expressiva e conseguiu a eleição do seu vice, Jeverson Lima (MDB), que somou 55,75% dos votos válidos. Não foi uma eleição fácil, já que o adversário, Patrick Faelbi (PL), obteve 44,25% dos votos válidos, mesmo não tendo apoio da Família Muleta, que sempre dominou a política na região de Jaru.
A vitória apertada na reeleição da prefeita de Ariquemes, Carla Redano (União), demonstra que sua equipe, para um novo mandato, precisa de ajustes. Carla somou 23.816 votos, e a segunda mais bem colocada, a empresária Marley Mezzomo (PP), obteve 23.774 votos, com apenas 42 votos de diferença.
Na sua eleição em 2020, Carla também venceu com diferença pequena o adversário Tiziu Jidalías (PSDB), ex-deputado estadual, por apenas 173 votos. Está acostumada a grandes emoções, mas terá que ajustar sua equipe para o próximo mandato.
Carla tem a missão de ajudar o marido, o deputado estadual Alex Redano (Republicanos), que assumirá a presidência da Assembleia Legislativa (ALE) pela segunda vez em fevereiro do próximo ano e, certamente, será candidato à reeleição em 2026 para mais um mandato.
Outro município importante é Ouro Preto do Oeste, dirigido pelo empresário Alex Testoni (União) pela quarta vez. Testoni já foi deputado estadual e não tem demonstrado intenção de concorrer a cargo eletivo em 2026, pois seus negócios estão concentrados em Rondônia. Candidaturas ao Senado ou Câmara Federal estariam descartadas. O mesmo não se pode afirmar com relação ao Governo do Estado...
Em Rolim de Moura, o prefeito Aldo Júlio (MDB) se reelegeu sem muitas dificuldades, somando 54,35% dos votos válidos. O adversário Rafael Godoi (PL) obteve 32,23% na segunda colocação. Como Rolim já teve governadores, senadores, deputados federais e estaduais e hoje não conta com ninguém ocupando cargos federais e estaduais, uma candidatura de Aldo Júlio a deputado estadual em 2026 não estaria descartada. Com certeza, ele não teria muitas dificuldades.
O quadro acima exposto é uma visão atual do que poderá ocorrer daqui a pouco menos de dois anos, quando serão realizadas as eleições gerais.
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