Daniela Castelo Branco
Publicada em 19/12/2024 às 16h09
Promover a experiência mágica do Natal e proporcionar um ambiente divertido de socialização foi o intuito do encerramento da programação do Centro de Atenção Psicossocial Infantil (Caps I), na tarde de quarta-feira (18), realizada no Parque da Cidade. Com todas as luzes e uma decoração que inspira magia e encantamento, crianças e adolescentes, de 5 a 16 anos que já fazem tratamento no Caps, encerraram a programação deste ano com atividades lúdicas com foco em psicomotricidade e socialização com muita alegria e cheios de otimismo para continuar sua jornada em busca do progresso de seus diagnósticos.
Um dos assuntos mais sérios que assolam a humanidade neste século, a saúde mental é interesse de todos. De fundamental importância de avaliação desde os primeiros anos, pais que têm filhos que apresentam alguma especificidade incomum, podem encontrar ajuda no Caps de Porto Velho.
O centro é referência no atendimento especializado de crianças e adolescentes de 5 a 16 anos e 11 meses, com transtorno mental moderado ou grave que passam por atendimento de uma equipe multidisciplinar reforçada composta por psicólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, médicos e enfermeiros empenhados no acolhimento e tratamento desses jovens. Criado para ser uma rede de apoio para crianças que passam por atendimento no centro, essa equipe multidisciplinar formou o Grupo Terapêutico com foco no acompanhamento do tratamento de crianças e adolescentes de 2 a 16 anos, e que atende atualmente cerca de 50 pacientes.
Crianças e adolescentes podem aproveitar para entrar na árvores natalina de 35 metros de altura
Muito animados pelo cenário do Parque e maravilhados com todas as atrações, crianças e adolescentes participaram também das atividades lúdicas realizadas pelo Grupo Terapêutico, com brincadeiras que além de contribuir com o tratamento, divertiram a criançada, contado ainda com um piquenique com bolos, sanduíches, sucos e muitas guloseimas.
Leide Santos, uma mãe feliz em ver o progresso do seu filho de 15 anos em apenas oito meses de acompanhamento no Caps I, diagnosticado há pouco tempo com autismo nível II, contou que não acreditava que o tratamento iria dar certo no começo. "Como foi um diagnóstico tardio, eu imaginei que não faria diferença, mas com o acompanhamento do Grupo Terapêutico, foi o ano que ele mais evoluiu, tanto na escola, como em casa e com os amigos. Lembro que meu filho não gostava de socializar, qualquer barulho o incomodava, mas hoje está mais controlado. Ele consegue ajudar nas atividades de casa e em coisas que ele não fazia antes. Meu filho está evoluindo muito graças à terapia ocupacional e aos outros profissionais que estão envolvidos", falou emocionada.
Da mesma emoção compartilha Rodrigo de Macedo, pai de um menino de 8 anos, que há um ano faz o tratamento de TDH. "Meu filho tinha muita dificuldade de concentração e ouvir barulhos e ruídos. Tudo o estressava e ficava bravo. Hoje com o tratamento, ele está melhorando muito com o auxílio dos remédios e do acompanhamento multidisciplinar. A rede também tem nos ajudado muito em casa, com os deveres da escola, com as atividades em casa. Hoje aqui no parque estamos muito felizes com essa experiência e com a melhora dele".
Larissa Martins, terapeuta ocupacional, fala da importância da ação no ambiente natalino
Larissa Martins, terapeuta ocupacional, que já integra o grupo há dois anos, explicou detalhadamente como funciona o centro, destacando a importância da saúde mental para a sociedade e especificamente para quem enfrenta algum distúrbio psiquiátrico.
"Eu estou na unidade há dois anos, e nesse período, a gente começou esse trabalho juntamente com a equipe multidisciplinar, entre a terapia ocupacional e a psicologia e aí a agente foi atendendo conforme fomos vendo a necessidade de alguns pacientes específicos, já que muitas vezes, temos pacientes que não conseguem realizar as atividades básicas diárias, como escovar os dentes, tomar banho, trocar de roupa, e pela demanda ser muito grande, nós pensamos em fazer um grupo terapêutico para estimular algumas questões específicas desses pacientes. Todo grupo tem uma temática de estimulação sensorial, psicomotora, de AVDs (Atividades da Vida Diária ), dentro das necessidades voltadas para as crianças e adolescentes. A partir daí, nós fizemos um vínculo terapêutico e conseguimos alavancar. Hoje, nós temos um grupo de cerca de 50 crianças efetivas participando do grupo e aí, como atividade de encerramento de fim de ano, a gente propôs essa atividade aqui no Parque da Cidade, tendo em vista que muitas dessas crianças têm dificuldade de socializar".
A terapeuta também destacou que a ideia de fazer essa atividade especial no Parque, além de divertir as crianças, foi fazer com que eles pudessem vivenciar essa experiência do Natal, já que muitas famílias atendidas estão em vulnerabilidade social e promover um momento que eles possam socializar e aprender ao mesmo tempo, facilitando o acompanhamento com às famílias.
Equipe Multidisciplinar
Rodrigo de Macedo disse que o atendimento mudou o comportamento do filho
Formada por terapeutas ocupacionais, psicólogos, assistentes sociais, médicos e enfermeiros, numa grande rede de apoio, a equipe multidisciplinar serve para alinhar o atendimento, para que todos juntos, possamos conversar para atender melhor as diferentes necessidades de cada criança e para isso, precisa ser composta por vários profissionais juntos. Além do acolhimento da rede de apoio, o grupo também atende e acompanha as famílias.
Importante observar os sinais de comportamento
Mesmo se falando muito atualmente de saúde mental, o tema ainda é considerado tabu por muita gente e muitas vezes, mascarado por quem sofre. A terapeuta ocupacional explica que por vivermos em uma sociedade que dita regras rígidas e pelo preconceito acerca do tema saúde mental, muitos pacientes acabam por vergonha e por temerem ser vítimas desse preconceito, não procurando atendimento nas unidades de saúde especializada.
Ela ainda fez um alerta importante para os pais, para que passem a observar melhor os sinais característicos dos diversos transtornos que podem estar passando despercebidos e que é de fundamental importância para o desenvolvimento psicossocial dos jovens e ao constatar esses sinais, procurar imediatamente o atendimento especializado.
COMO O SERVIÇO FUNCIONA
Leide Santos considera os resultados positivos da terapia ocupacional
Os Caps são equipamentos específicos de apoio à saúde mental que funcionam em regime de porta aberta, ou seja, não há a necessidade de encaminhamento ou agendamento prévio. Eles são divididos em várias modalidades, de acordo com o público acolhido e os serviços oferecidos. O Caps Infantojuvenil funciona para atendimentos de crianças de 5 a 16 anos.
"Os pais que notarem comportamentos específicos das crianças, devem se dirigir à unidade, levando os documentos pessoais do responsável legal e a partir daí, é feito um acolhimento feito especialmente por um profissional especialista, que vai ver se a criança se insere no perfil Caps, porque muitas vezes ele precisa de atendimento ou de neurologista ou outro especialista e a partir desse momento, será feito o acolhimento por um profissional especialista que vai encaminhar o paciente para o atendimento específico", complementou a terapeuta.
O Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil funciona de segunda a sexta-feira, das 7h às 18h, na avenida Dom Pedro II, nº 2687, bairro São Cristóvão - 1º Andar. "O Caps infantil oferece apoio e acolhimento para os pais que também necessidade desse apoio psicológico para ajudarem seus filhos no dia a dia . Somos uma equipe que acolhe os pacientes e familiares", acrescentou a gestora, Luzia Viana.
URL: https://rondoniadinamica/noticias/2024/12/atividade-recreativa-do-grupo-terapeutico-do-caps-infantojuvenil-encerra-programacao-,206879.shtml