FOLHA DO SUL ONLINE
Publicada em 24/12/2024 às 09h25
Junto da elevação de casos de covid-19 no município, o que levou a Santa Casa a suspender as visitas no Hospital Regional de VIlhena, na última semana foram identificados mais de 60 casos de malária em uma aldeia próxima e também outros em Nova Conquista, bem como na zona urbana de Vilhena. A Secretaria Municipal de Saúde, em atenção ao surto, realizou aplicação de inseticida nos locais onde os casos foram identificados. Grave, a doença inspira cuidados e requer atenção por parte dos moradores.
“A aldeia fica já no território de Comodoro, no Mato Grosso, mas é responsabilidade da saúde indígena de Vilhena. Lá foram 61 casos de malária. E já teve alguns casos em Vilhena também. Por causa disso, a Saúde optou por fazer um bloqueio com inseticida nesses lugares onde foram identificados casos de malária na cidade. Pode ser que esses pacientes não tenham sido infectados na zona urbana, talvez em alguma chácara, mas para proteger ao máximo fazemos nos entornos da residência”, explica Clair Cunha, da Vigilância em Saúde da Prefeitura de Vilhena.
Na Aldeia Cabixi, onde o foco começou, uma professora que ministra aulas na comunidade contraiu malária e, na sequência, também seu esposo e a filha. Logo depois mais casos foram notificados e se espalhando inclusive para a zona urbana de Vilhena.
De acordo com servidores da epidemiologia, a doença estava bem controlada até então. A preocupação dos profissionais é quanto à gravidade, visto que, se não tratada, pode levar a óbito. Contudo, os casos identificados até o momento são da forma Plasmodium Vivax, mais branda. Ainda assim, como os indígenas desta aldeia circulam bastante na zona rural, nos distritos próximos e até mesmo na zona urbana, o risco de transmissão é grande através de picadas de mosquitos Aedes aegypti em pessoas infectadas e posteriormente em outras, livres do vírus.
Os profissionais lamentam a incidência dos casos, pois a meta estabelecida pelo Ministério da Saúde era de apenas quatro casos. As tratativas junto à saúde indígena deverão ser reforçadas nos próximos dias para minimizar a situação.
“A prevenção todos conhecem, mas o que diferencia a malária da dengue e da chikungunya é que a malária é silvestre e a dengue e chikungunya são urbanas. Porém, estamos atentos: os bairros Cidade Verde, Barão do Melgaço e nos entornos do rio e áreas verdes são locais onde já identificamos a presença do mosquito. Quem mora ali próximo deve ficar atento”, finaliza Clair Cunha.
SINTOMAS - Conforme a Fiocruz, se o agente causador da malária for da espécie P. vivax os sintomas incluem mal-estar, calafrios, febre inicialmente diária (com o tempo, a febre apresenta um padrão de intervalo a cada dois dias), seguida de suor intenso e prostração. De modo geral, causa um tipo de malária mais branda, que não atinge mais do que 1% das hemácias, e é raramente mortal. No entanto, seu tratamento pode ser mais complicado, já que se aloja por mais tempo no fígado, dificultando sua eliminação. Além disso, pode haver diminuição do número de plaquetas, o que pode confundir esta infecção com outra doença bastante comum, a dengue, retardando o diagnóstico.
No caso de infecção pelo protozoário P. falciparum, também existe uma chance de se desenvolver o que se chama de malária cerebral, responsável por cerca de 80% dos casos letais da doença. Na malária cerebral, além da febre, pode aparecer dor de cabeça, ligeira rigidez na nuca, perturbações sensoriais, desorientação, sonolência ou excitação, convulsões, vômitos, podendo o paciente chegar ao coma.
PREVENÇÃO - A prevenção da malária consiste no controle/eliminação do mosquito transmissor e pode se dar por meio de medidas individuais, com uso de mosquiteiros, inseticidas, roupas que protejam pernas e braços, telas em portas e janelas, e repelentes. Medidas coletivas incluem drenagem de coleções de água, obras de saneamento para eliminação de criadouros do vetor, aterro, limpeza das margens dos criadouros, modificação do fluxo da água, controle da vegetação aquática, melhoramento da moradia e das condições de trabalho, e uso racional da terra.
URL: https://rondoniadinamica/noticias/2024/12/dezenas-de-casos-de-malaria-motivam-acao-emergencial-no-centro-de-vilhena,207136.shtml