Rondoniadinamica
Publicada em 03/02/2025 às 14h39
Porto Velho, RO – Segundo o site ICL Notícias, a Minerva Foods, segunda maior processadora de carne bovina do Brasil, tem registrado lucros na Bolsa de Valores enquanto utiliza recursos financeiros para operar com fornecedores ligados a desmatamento ilegal e lavagem de gado. A empresa recorre a Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) e ao Fundo de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (Fiagro) para sustentar suas operações, segundo uma investigação do Joio.
Desde dezembro de 2019, a Minerva obteve pelo menos R$ 10,8 bilhões por meio de CRAs, conforme apurado. Esses títulos foram adquiridos por 11 fundos de investimento, incluindo AAZQ11 e AZQA11 (AZ Quest Investimentos), BBGO11 (BB Asset Management - Banco do Brasil), CPTR11 (Capitania Investimentos), CRAA11 (Sparta Fundos de Investimento), AAG11 (Inter Asset), JGPX11 (JGP Asset Management), KNCA11 (Kinea Investimentos - Grupo Itaú), VCRA11 (Vectis Gestão) e XPAG11 e XPCA11 (XP Investimentos). Entre os instrumentos utilizados, o CRA CORP Minerva VI foi direcionado para reembolsar a companhia por despesas com fornecedores de gado, alguns dos quais estão vinculados a infrações ambientais.
A região do Cone Sul de Rondônia, onde a pecuária e a soja têm forte presença econômica, se destaca na cadeia de suprimentos da Minerva. Melhorias na rodovia Transboiadeira (RO-370) facilitaram o acesso às fazendas financiadas pelo Fiagro. No entanto, investigações do Centro para Análise de Crimes Climáticos (CCCA) indicam que parte desses fornecedores tem histórico de desmatamento e lavagem de gado ilegal. Entre eles, há pecuaristas embargados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e opositores à demarcação da terra indígena Tanaru. Algumas lideranças do setor propuseram substituir a demarcação por um memorial em uma área restrita dos 8 mil hectares da reserva.
No cenário político, o senador Jaime Bagattoli (PL-RO), que fornece gado à Minerva, é autor do Projeto de Lei 3334/2023, que propõe reduzir a Reserva Legal na Amazônia de 80% para 50%. Além disso, a investigação aponta que herdeiros do fundador da Minerva recebem pagamentos diretos com recursos da Bolsa, mantendo o controle de propriedades associadas a irregularidades ambientais.
O levantamento também destaca que o modelo de securitização de dívidas na Avenida Faria Lima, em São Paulo, permite levantar recursos para empresas do setor agropecuário sem a necessidade de passar pelo crivo de bancos tradicionais. Escritórios especializados estruturam títulos de dívida para companhias, cooperativas e produtores rurais, viabilizando a aquisição de gado vinculado ao desmatamento.
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