![Hamas promete soltar reféns segundo termos da trégua com Israel](/uploads/00m4r3zeyctmhw0.jpg)
NOTÍCIAS AO MINUTO
Publicada em 13/02/2025 às 10h30
Dois dias depois de Israel ameaçar retomar a guerra na Faixa de Gaza, o Hamas prometeu que irá retomar a libertação de reféns sequestrados no ataque de 7 de outubro de 2023 neste sábado (15). Em comunicado, disse que o fará segundo os termos da trégua em vigor.
O premiê do Estado judeu, Binyamin Netanyahu, havia endurecido sua posição após o grupo terrorista palestino dizer na segunda (10) que iria adiar a soltura prevista porque considerava que o cessar-fogo estava sendo violado pelo rival.
Na terça (11), o presidente Donald Trump, fiador do acordo pelo lado dos EUA, havia dado um ultimato: o Hamas deveria solta todos os reféns remanescentes, estimados em 76, incluindo 35 mortos, até o meio-dia do sábado.
Isso não era o combinado. Segundo a trégua, que envolve Qatar e Egito como intermediários também, numa primeira fase 33 reféns seriam trocados por centenas de prisioneiros palestinos. Até aqui, 16 foram soltos e o Hamas indicou no comunicado que mais 3 o serão no sábado.
Netanyahu havia dito concordar com o ultimato de Trump, mas não incluiu um número de reféns na sua ameaça. Segundo negociadores israelenses, o premiê quer adiantar a agenda dessa etapa, prevista para acabar em duas semanas.
Assim, apesar da disposição do Hamas, ainda é incerta a resposta de Israel. Suas posições militares foram reforçadas em torno de Gaza e reservistas, convocados. Mais cedo, o escritório do premiê havia negado um relato de que a crise havia sido superado, publicado por veículos árabes como a rede Al Jazeera, do Qatar.
A entrada de Trump na equação da guerra no Oriente Médio alterou a dinâmica do conflito, iniciado quando o Hamas atacou o Estado judeu de forma inédita, matando quase 1.200 pessoas e sequestrando outras 251 -174 deles foram soltos numa trégua em novembro de 2023, em resgates militares ou agora.
O americano, após patrocinar a trégua que passou a valer em 19 de janeiro, um dia antes de sua posse, surpreendeu o mundo com uma proposta segundo a qual os EUA tomariam a Faixa de Gaza para reconstruí-la como um resort mediterrâneo.
Os palestinos, diz Trump, teriam de ser removidos para "casas melhores e bonitas na região", e sugeriu que Jordânia e Egito deveriam recebê-los. Não haveria direito de retorno ao território, que segundo paz chancelada pela ONU em 1994 é dos palestinos, assim como a Cisjordânia hoje pontuada por assentamentos ilegais.
O plano foi universalmente condenado, exceto pelo governo israelense e a ultradireita que o apoia, que gostaria de ver Gaza reocupada por colonos judeus.
Há dúvidas óbvias sobre custos: a ONU estima de US$ 53 bilhões a conta da reconstrução da infraestrutura local, que teve 90% de seus edifícios atingidos ou destruídos.
O futuro de Gaza é incerto e, apesar de Trump falar grosso, há a percepção de que ele apenas derrubou as peças usuais do tabuleiro para tentar forçar um novo jogo com os atores regionais.
Historicamente, os países árabes rifaram os palestinos, expulsando sua liderança de vários exílios. O influxo de refugiados é uma fonte de instabilidade que assusta as ditaduras e monarquias árabes, que temem acabar inviáveis como Estado assim como o Líbano.
Isso dito, a pressão de Trump em favor da posição de Netanyahu é difícil de ser aceita por governos como o egípcio e jordaniano, cujos líderes rejeitam a proposta. A causa palestina é muito popular entre as populações da região, e a obliteração de Gaza, que segundo o Hamas já deixou mais de 48 mil mortos, causa comoção.
Com isso, a depender da reação de Tel Aviv, o cessar-fogo pode até sobreviver mais um dia, mas seu futuro é incerto. Na segunda fase a ser negociada, seriam libertados os reféns remanescentes, sempre trocados por centenas de palestinos detidos em Israel, e a terceira etapa discutiria a administração subsequente de Gaza.
Aí entram as divisões palestinas. O Hamas tomou o governo da faixa, que deveria ser parte do embrião de Estado previsto nos acordos dos anos 1990, em 2007. Isso ocorreu porque o Fatah, facção que controla a ANP (Autoridade Nacional Palestina), rejeitou a vitória eleitoral dos terroristas.
Destroçado, o grupo de Gaza parecia pronto para entregar as chaves das ruínas para a ANP, ente político desacreditado pelos moradores da Cisjordânia que governa. Mas os rituais de libertação dos reféns, que expõem os cativos à humilhação pública, tentam demonstrar que o Hamas ainda tem controle sobre a faixa, deixando pouco clara a real correlação de forças.
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