
Professor Nazareno
Publicada em 24/02/2025 às 08h10
O próprio Estado de Rondônia foi criado sob uma mentira. A Ditadura Militar queria ter maioria no Congresso Nacional no final de década de 1970 e por isso resolveu transformar o então território de Rondônia em Estado. Não deu outra: com essa jogada, elegeu mais três senadores governistas defensores do regime de exceção e de quebra ainda ganhou praticamente mais sete deputados federais. A mentira que se dizia na época era que o povo daqui queria a autodeterminação da região. Quanta desfaçatez! Desde quando meia dúzia de beiradeiros e de capiaus iletrados, esquecidos no meio da mata, queriam gerir por conta própria um Estado inteiro? O governo militar também conseguiu desafogar os problemas sociais da região Sul, pois com a mecanização agrícola, o desemprego só aumentava por lá. “Dão-se terras de graça e se anuncia prosperidade no novo Eldorado”.
Se uma mentira criou Rondônia, essa prática de mentir se disseminou e continuou por aqui nas gerações futuras. A calúnia do momento seria a construção de um novo hospital de pronto-socorro em Porto Velho. Era o pomposo e badalado “Built to Suit” para substituir o “açougue” João Paulo Segundo. Praticamente oito anos se passaram e tudo já terminou em “beiju de caco”: deu em nada. Porto Velho tão cedo não terá nenhum hospital com nome em inglês. Hidrelétricas, já! Era o mantra há dez ou quinze anos. As barragens até vieram, mas não trouxeram prosperidade nenhuma. Só devastação do meio ambiente e a morte do rio. Os tolos rondonienses entregaram o rio Madeira e a Ceron aos forasteiros e em troca receberam a Energisa. Até uma tal Banda Versalle, que estourou nas paradas, parece que também era outro engodo. Nunca mais ninguém ouviu falar dela.
Por aqui já se falou mentirosamente que teríamos a Estrada do Pacífico e que a iminente industrialização seria a redenção do Estado. Era, claro, tudo balela. Porto Velho não tem uma indústria sequer até hoje. Os prefeitos dessa capital geralmente se elegem mentindo para os seus eleitores. “Vamos acabar com as alagações da cidade. Vamos construir saneamento básico e proporcionar água tratada para todos”, dizem eles cinicamente em todas as eleições. Tivemos até um prefeito que durante a campanha disse que ia abraçar, beijar e acariciar a cidade. Todo mundo acreditou na lorota e o elegeu. E quando esse prefeito saiu da prefeitura depois de oito anos, afirmou que tinha mais de 90 por cento de aprovação popular, mas sequer conseguiu emplacar a sua candidata. E foi na pandemia que se “compraram” um milhão e 400 mil vacinas para Rondônia. Era mentira!
O povo de Rondônia de um modo geral até já se acostumou a viver com a mentira. O agronegócio que existe aqui, por exemplo, não é daqui. É quase que totalmente de fora. O lucro vai todo para fora do Estado, assim como quase toda a energia produzida pelas hidrelétricas que estão em nosso solo. Daqui mesmo são só as queimadas todos os anos e os desastres ambientais. O porto rampeado no rio Madeira e a urbanização da Praça da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré foram inverdades em que muita gente acreditou. A farsa está lá na beira do rio: ratos, lixo e urubus enfeitando a paisagem. O porto está ali enferrujando e logo vai afundar no rio. Já a EFMM foi doada a forâneos e o rondoniense tem que pagar se quiser visitá-la. O asfaltamento da BR-319 é outra farsa. Dizem de novo que será a remissão de Rondônia. Infelizmente quase tudo por aqui é baseado na fraude, na inverdade, na mentira e na enganação. E Rondônia existe mesmo ou é só outra mentira?
*Foi Professor em Porto Velho.
URL: https://rondoniadinamica/noticias/2025/02/professor-nazareno-o-mais-polemico-do-norte-escreve-as-mentiras-de-rondonia,211392.shtml