Rondoniadinamica
Publicada em 24/08/2019 às 10h58
Porto Velho, RO – José Francisco de Araújo, que o (a) leitor (a) provavelmente conhece apenas pelo apelido Zequinha Araújo, do MDB, perdeu seu mandato de vereador.
Em seu lugar, assumiu Isaque Machado – correligionário do defenestrado.
Zequinha faz parte de um seleto grupo de cinco entre 21 membros de Legislativo Municipal que, em 2016, ultrapassaram a marca dos três mil votos; na sua dianteira, apenas Professor Aleks Palitot (PTB), Ellis Regina (PCdoB), Pastor Edésio Fernandes (PRB) e Joelna Holder (PMDB). Atrás dele, todos os outros.
De fato, é um corredor de alta performance: e existe um motivo. A associação beneficente homônima ainda o carrega nas costas pleito a pleito. Mas, embora o assistencialismo seja marca corriqueira em ações populistas – travadas em paralelo ao exercício da vida política – não há blindagem automática.
Prova disso está incrustrada para sempre em sua biografia.
Em 2010, após vários mandatos como vereador, Araújo foi conduzido à Assembleia Legislativa (ALE/RO), e, de novo, com votação absurdamente expressiva. Só Valter Araújo, ex-presidente do Legislativo, o superou à época.
Em 2014, quando tentou a reeleição, Zequinha fez apenas 6.669 votos e ficou de fora.
Parte significativa do seu eleitorado o abandonou por conta dos desdobramentos da Operação Termópilas, onde fora acusado de receber propina de um assessor de Valter Araújo e esconder o dinheiro em uma de suas meias.
A publicidade negativa sobre seu nome foi tão maçante que o desempenho esfarelou de uma eleição para a outra.
Antes disso, pairou sobre ele outra acusação parecida – também envolvendo suposto recebimento de propina, escondida na cueca, inclusive, situação pulverizada pela imprensa regional.
Em 2017, concedeu entrevista exclusiva ao Rondônia Dinâmica e negou os dois casos.
RELEMBRE
RD Entrevista – Zequinha Araújo, de campeão de votos ao amargor da derrota
Quando começou a reequilibrar sua vida, um novo baque: a Justiça de Rondônia o condenou pelo crime de peculato tanto em primeira quanto na segunda instância, e agora a deliberação tem caráter irrecorrível.
Isso fez com que o desembargador Renato Martins Mimessi, da 2ª Câmara Especial do Tribunal de Justiça (TJ/RO), determinasse o Legislativo municipal a obrigação de decretar a perda do mandato e, logo em seguida, empossar Isaque Machado.
Edwilson Negreiros (PSB), presidente da Câmara de Porto Velho, não teve escolha a não ser cumprir a decisão judicial.
Pessoas próximas entendem que Zequinha Araújo ainda pode retornar ao cargo, porquanto a decisão do desembargador ostenta caráter não definitivo.
Voltando ou não, de qualquer forma, a população já assiste, moralmente falando, ao funeral melancólico da vida política do homem simples que ensinava pessoas tão humildes quanto ele fora.
Mudou. Com a mudança, a postura degradou-se. O homem se tornou político. O político perdeu o bom senso. Escolhas erradas foram tomadas por conta e risco. E hoje, o que se vê, é a pá de cal na carreira promissora que poderia ter sido, mas não foi.
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