Rondoniadinamica
Publicada em 12/10/2019 às 10h04
Porto Velho, RO – Conforme revelou o jornal eletrônico Rondônia Dinâmica durante esta semana, a partir do momento em que Lauro Fernandes da Silva Júnior – técnico comissionado integrante de equipe de governo do Coronel Marcos Rocha (PSL) –, afirmou ter ocorrido “fato criminoso” relacionado ao caso da patacoada das tabelas da Educação, impõe-se a obrigação de o Ministério Público (MP/RO) apurar a declaração e informar à sociedade se a assertiva é real ou não.
No mínimo, a instituição precisa convocar o servidor para dar as explicações que alegou nas redes sociais não serem necessárias. O homem lotado no Gabinete do chefe do Executivo esquece que o Palácio Rio Madeira é braço da Administração Pública, portanto quaisquer deslizes estão sujeitos à avaliação dos órgãos de fiscalização e controle.
A Secretaria de Estado da Educação (Seduc/RO) e também a de Finanças (Sefin/RO) não são edículas nas residências particulares do estafe governamental: logo, ao tratar a coisa pública como extensão do quintal de seu lar, da Silva Júnior vê o povo que elegeu Rocha de maneira alegórica e sem importância.
E o que dizer dos educadores? Na próxima terça-feira, 15, será comemorado em todo o território nacional o Dia do Professor. Entretanto, o professorado rondoniense ainda se recupera do estado catatônico em que fora lançado por conta do equívoco assumido pelo secretário de Educação Suamy Vivecananda Lacerda Abreu.
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No dia 07, a categoria acordou com a notícia boa: fosse mantida a tabela inaugural, os profissionais teriam condições de ajeitar suas vidas em termos econômicos custeando dívidas pendentes e até bancando atividades recreativas. Mas foi tudo um sonho ligeiro que logo se tornou pesadelo mórbido. Menos de 24 horas após os funcionários públicos se deleitarem com o numerário virtual em seus contracheques vindouros, acabou a farra.
As montas retificadas veiculadas no Diário Oficial subsequente enxugaram as expectativas. A gestão Marcos Rocha foi responsável pelo episódio mais dantesco patrocinado contra o funcionalismo desde as demissões em massa desencadeadas pelo governo Bianco lá atrás no início dos anos 2000.
O dinheirinho a mais – que já não era grande coisa –, daria pelo menos suporte sólido aos integrantes da cátedra: seria possível até pagar parcelas de automóveis ou mesmo de um imóvel financiado sem prejudicar o resto do salário. Por que não?
Agora, com a verdade desoladora, sobra aos mestres da sociedade decidir como irão gastar seus R$ 100,00 (em média) a mais diluídos nos 31 dias do mês.
Com a fortuna de R$ 3,22 por dia, e levando em conta que alguns malabares estrangeiros ganham bem mais nas sinaleiras estancadas de Porto Velho, merecidamente, diga-se de passagem, o educador não terá condições financeiras sequer de ornamentar o bolo do Dia do Professor com uma bela vela faiscante.
Por outro lado, se não tem vela para incendiar o bolo comemorativo, por outro, figurativamente, é lógico, o comando do novo chefe do Executivo pega fogo. Por ora, Suamy Vivecananda aceitou absorver as consequências para si; a decepção, portanto, é assistir ao governador Marcos Rocha aquartelar-se diante da patacoada das tabelas aceitando que um de seus homens, que antes de ser secretário de Estado é professor, receba os dividendos negativos exsurgidos da lambança gerencial.
E como todo esse imbróglio é absurdamente esquisito e incompreensível, a atuação do Tribunal de Contas (TCE/RO) e do MP/RO no sentido de apurarem a declaração objetiva de Lauro Fernandes da Silva Júnior é imprescindível. Afinal, foi a única pessoa até agora a falar em ocorrência de crime. E embora o servidor trate o governo como se fosse a sua casa, a obrigação dos órgãos de fiscalização e controle é mostrar a ele o equívoco conceitual expondo à sociedade se há crime; e se há, quem cometeu; e se não há crime nem autor, quem irá responder pelas declarações de da Silva Júnior senão ele próprio?
É isso. O Rondônia Dinâmica deseja de antemão a todos os docentes do estado, sofridos e batalhadores, um Feliz Dia do Professor. Usem os R$ 3,22 de hoje com moderação.
URL: https://rondoniadinamica/noticias/2019/10/o-erro-do-estado-de-rondonia-com-os-professores-e-o-maior-escarnio-com-o-funcionalismo-desde-as-demissoes-de-bianco,58611.shtml