Agência Brasil
Publicada em 12/02/2020 às 16h52
O presidente Jair Bolsonaro propôs uma reunião bilateral com o presidente da Argentina, Alberto Fernández, no próximo dia 1º de março, em Montevidéu. Eles deverão se encontrar durante a posse do novo presidente uruguaio, Luis Lacalle Pou, que ocorre na mesma data. O convite foi feito pelo presidente brasileiro ao chanceler argentino, Felipe Solá, durante uma reunião no Palácio do Planalto, na tarde de hoje (12).
"Foi uma proposta do presidente Bolsonaro, que já contava que ambos iam se encontrar na posse e pediu um aparte (reunião bilateral) com o presidente Alberto Fernández", afirmou o ministro argentino. Segundo ele, o encontro de hoje também serviu para aparar as arestas entre os governos das maiores economias da América do Sul. Alberto Fernández venceu as eleições pela coalizão de esquerda Frente de Todos e sua vice é a senadora Cristina Kirchner, ex-presidente do país. Bolsonaro é crítico do kirchnerismo e apoiou a reeleição do presidente Maurício Macri, derrotado nas urnas nas eleições realizadas em outubro do ano passado no país vizinho.
"Há coisas que se entende de forma diferente aqui ou na Argentina. E esse encontro foi muito importante para isso. As coisas mudaram bastante", acrescentou Solá. O ministro de Relações Exteriores da Argentina pediu apoio do presidente Bolsonaro na renegociação da dívida do país com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Em 2018, o governo argentino assinou um acordo de empréstimo de US$ 57 bilhões com o FMI, durante a gestão de Macri.
Felipe Solá disse que a Argentina apoia os acordos comerciais do Mercosul com outros países e blocos econômicos, em referência ao tratado assinado ano passado com a União Europeia. "Dissemos a ele [Bolsonaro] que o Mercosul deve olhar para frente, que o Mercosul deve renovar-se, virar-se ao mundo, e que apoiamos os acordos do Mercosul com distintas regiões e países".
Venezuela
Sobre a Venezuela, o chanceler argentino disse que, assim como o Brasil, apoia o estabelecimento da democracia no país, mas que adota metodologias diferentes. "Não somos favoráveis ao Maduro, somos favoráveis à democracia, igual ao Brasil. Primeiro, a democracia, que implica uma quantidade de obrigações, mas também implica que haja paz, que não se derrame sangue na Venezuela. Nós não temos exatamente a mesma metodologia que o Brasil, mas apontamos para o mesmo fim", afirmou.
Solá disse ainda que o país continuará fazendo parte do Grupo de Lima, que reúne países de todo o continente para buscar soluções para o impasse político venezuelano, mas que defenderá outras abordagens para lidar com o país, sem especificar quais. Ele defendeu eleições "limpas" na Venezuela, inclusive com participação das pessoas que emigraram do país em meio à crise.
"Algumas coisas não deram resultado na Venezuela e, portanto, vamos tratar de mudá-las. Nosso objetivo é que na Venezuela haja eleições absolutamente limpas, que sejam controladas por todas aquelas instituições do mundo que sejam capazes de garantir eleições livres, e que também possam votar os venezuelanos que estão no exílio".
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