Notícia ao Minuto - Portugal
Publicada em 13/02/2020 às 16h13
O texto da resolução do parlamento, votada por unanimidade, "condena e reconhece o crime de genocídio cometido contra os arménios pelo Estado otomano no início do século XX e condena a tentativa de qualquer parte de negar este crime e distorcer a verdade histórica", informou a agência noticiosa oficial SANA.
O texto refere-se ainda a "um dos crimes mais cruéis e duros contra a humanidade".
O Governo sírio reconheceu o genocídio arménio em 2015 e responsáveis oficiais, incluindo o Presidente Bashar al-Assad, têm utilizado o termo "genocídio" nas suas declarações quando se referem à sistemática eliminação de cerca de 1,5 milhões de arménios entre 1915 e 1923.
Em 2015, o parlamento sírio homenageou as vítimas de "genocídio", mas não adotou uma decisão oficial de condenação.
Esta medida assinala o reconhecimento pela Síria das perseguições ao povo arménio e surge após o Líbano ter adotado idêntica posição, sendo os únicos países árabes que ainda não tinham adotado esta posição oficial.
Após as perseguições, parte da diáspora arménia instalou-se no Líbano e Síria, onde construíram grandes comunidades e partidos políticos significativos nos dois países.
O porta-voz do parlamento sírio, Hammouda Sabbagh, manifestou na sessão de hoje a sua "simpatia pelo povo arménio" e reconheceu "os arménios, sírios e assírios e outros como vítimas das sistemáticas liquidações étnicas e massacres pelos otomanos", segundo a SANA.
A República da Turquia, fundada em 1923 e proveniente da dissolução do Império otomano, reconhece os massacres, mas recusa o termo de genocídio, ao referir-se a uma guerra civil na Anatólia e fome generalizada, que terá vitimado entre 300.000 e 500.000 arménios e um número semelhante de turcos.
Numerosos historiadores e universitários concluíram que a deportação e o massacre de arménios durante a Primeira Guerra Mundial correspondem à definição jurídica de genocídio.
Cerca de 30 países adotaram leis, resoluções ou moções que reconhecem o genocídio.
Este reconhecimento pelo parlamento de Damasco surge num contexto de fortes tensões entre a Síria e a Turquia. Na quarta-feira, o Presidente turco Recep Tayyip Erdogan ameaçou atacar o regime sírio "em todo o lado" em caso de novo ataque contra as forças turcas.
"O confronto dos nossos heroicos soldados (...) sob a liderança do Presidente Bashar al-Assad com a brutal agressão turca é uma ação histórica, que tem como objetivo evitar o surgimento de um novo monstro otomano que conclua os velhos crimes otomanos", disse o portavoz del Parlamento sirio, Hammouda Sabbagh.
A Turquia ocupou uma vasta área do nordeste da Síria na sua ofensiva contra os curdos sírios, e ainda na região noroeste, onde apoia os rebeldes sírios e mantém tropas estacionadas, na sequência de um acordo com a Rússia.
Nas últimas semanas a tensão entre Ancara e Damasco agravou-se, com trocas de disparos de artilharia que provocaram dezenas de vítimas nos dois lados rivais, e a Síria continua a insistir na retirada total das tropas turcas do seu território.
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