AFP
Publicada em 30/03/2020 às 14h25
Pelo menos 15.000 pessoas ficaram em quarentena no norte da Índia, potencialmente infectados por uma única pessoa, um guru sikh, que morreu de covid-19 e suspeito de ser um "superpropagador" do coronavírus, de acordo com uma autoridade local.
Depois de viajar pela Itália, o epicentro europeu da pandemia e pela Alemanha, o guru de 70 anos de idade, Baldev Singh estava pregando em quinze vilarejos no estado de Pundjab, na maioria sikh da Índia, antes de adoecer e morrer.
Na Índia, o governo decretou um alerta de saúde na quarta-feira e o confinamento da população por 21 dias.
Medidas de quarentena mais fortes foram tomadas nas áreas afetadas pela visita de Baldev Singh, com comida entregue em casa.
"A primeira dessas 15 aldeias foi visitada em 18 de março e estimamos que haja entre 15.000 e 20.000 pessoas envolvidas depois disso", disse à AFP Gaurav Jain, alto magistrado do distrito de Banga, onde o guru residia.
"As equipes médicas estão preparadas e há vigilância regular", acrescentou.
Até agora, 90 pessoas que entraram em contato com o guru deram positivo para o novo coronavírus, disse Vinay Bublani, chefe da polícia local. O resultado dos testes de outras 200 pessoas é aguardado.
O guru e seus dois colaboradores, também infectados, não respeitaram as regras obrigatórias de autoconfinamento após o retorno da Europa, iniciando a turnê para pregar, o que poderia ter causado contágio em massa.
O caso levou a um grande debate na Índia. Um popular cantor indiano que mora no Canadá, Sidhu Moose Wala, postou uma música dedicada a Singh na internet. "Eu espalhei a doença, percorrendo o povoado como a sombra da morte", cantou.
A música foi vista 2,3 milhões de vezes na internet em menos de dois dias e o chefe de polícia de Pundjab, Dinkar Gupta, pediu à população que a ouvisse para que tomasse consciência da gravidade do caso.
Segundo país mais populoso do mundo depois da China, a Índia, com 1,3 bilhão habitantes, teve 873 casos confirmados de covid-19 e 19 mortos.
Esse saldo encontra-se bem abaixo do de outros países, mas especialistas consideram que muitos casos não são detectados devido à falta de testes no país.
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