Waldir Costa / Rondônia Dinâmica
Publicada em 18/04/2020 às 09h50
Ocupar espaço editorial para discutir as eleições marcadas para outubro deste ano, para escolher prefeitos, vices e vereadores é perder tempo e querer abusar da paciência do leitor. O planeta passa por momento de extrema complexidade, quando um vírus (coronavírus) desafia a ciência e vem matando pessoas sem que se consiga uma vacina, um antídoto para amenizar o avanço da morte.
Há meses o coronavírus vem incomodando desde que foi constatado na China, que a princípio escondeu o que viria a ser uma pandemia semanas depois e vem causando milhares de óbitos. Já tivemos outros vírus, que se transformaram em pandemia, que mataram muita gente. A gripe Espanhola, por exemplo, de 1918 matou milhões de pessoas. Há números de 50 milhões, outros de 100 milhões. Não se tem um resultado definitivo sobre o número de mortos.
No Brasil, antes do coronavírus a dengue matou e continua matando. Nas últimas semanas milhares de casos de dengue foram constatados em vários estados brasileiros, inclusive São Paulo e Paraná, consideradas regiões de ponta em relacionamento humano, nível cultural e diferenças sociais, políticas e econômicas.
Rondônia é um estado em franco desenvolvimento, com pouco mais de 38 anos de emancipação político-administrativa. A dengue não está erradicada no estado, por falta de maior infraestrutura em saneamento básico, apesar da falta de zelo e cuidado da maior parte da população, que em passado distante já enfrentou malária e febre amarela, doenças tão letais como o coronavírus no período de desbravamento.
Com o mundo já em sobressalto com o coronavírus, o Carnaval, maior festa popular brasileira foi realizada mesmo sem a pompa contumaz. Mas nas demais regiões do país, a Festa de Momo foi priorizado como no Rio de Janeiro e Bahia, quando deveria ser cancelada, ou adiada, como foram as Olimpíadas de Tóquio, além de a suspensão da prática de esportes, shows, cinemas, shopping, aglomeração de pessoas e até restrições no ambiente de trabalho, e isolamento às pessoas com problemas pulmonares, coração, diabetes, hipertensão e acima de 60 anos.
Apesar de caminharmos com a morte ao lado as ações politiqueiras são observadas na maioria das participações de políticos, seja da situação ou da oposição. A preocupação com o futuro, com a vida da população é mínima e observa-se “guerra” de egocentrismo tendo como pano de fundo o futuro político, como se ele estivesse ao alcance, num momento delicado que o mundo enfrenta, sem saber como será o amanhã.
A demissão do intransigente e egocêntrico ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que demorou para ser demitido devido a sua arrogância e achar que mandava mais que o presidente Jair Bolsonaro é clara demonstração de como a política do país é capenga. O Congresso Nacional é parcial, quando se favorece da situação difícil do país na luta contra a pandemia com preocupações pessoais e não da coletividade. A obsessão pelo fundo partidário é mais importante que a luta, por enquanto sem fim contra o avanço do coronavírus, que mata diariamente. Até parece que esses politiqueiros são imunes, eternos.
Davi Alcolumbre (DEM-AP) presidente do Senado e Rodrigo Maia (DEM-RJ) presidente da Câmara Federal ignoram o clamor da maioria da população, que vivencia momento de tensão, e preocupada com a continuidade da vida. A maioria dos políticos prioriza picuinhas, cria situações conflitantes para atrapalhar uma ação governamental, quando deveria privilegiar o que é melhor para a população.
Quando o ministro Luiz Felipe Salomão, do Superior Tribunal de Justiça (STJ) afasta o desembargador Siro Danin, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, acusado de vender sentença o cidadão de bem desanima e fica a questionar: o que será do futuro? Mas também sinaliza que nem tudo está perdido, ainda, temos Justiça.
Em Rondônia o presidente da Associação de Defesa dos Direitos da Cidadania (ADDC), advogado Caetano Neto denunciou, que 45 dos 51 municípios de Rondônia estão se preparando para botar a mão em recursos federais, dinheiro do povo, para se favorecer –ilegalmente– do decreto de Calamidade Pública na luta contra o coronavírus na compra sem o enquadramento na Lei de Responsabilidade Fiscal. Compra o que quer, quando quer e a qualquer preço, logicamente, superfaturado.
O presidente da Assembleia Legislativa (Ale), de Rondônia, deputado Laerte Gomes (PSDB/Ji-Paraná) recebeu denúncia, esta semana, comprovada, que o Estado estava licitando o aluguel de três UTIs Móveis ao preço de quase R$ 190 mil mensais cada uma. A fornecedora das UTIs tem capital de R$ 15 mil e uma sede sem as mínimas condições de abrigar uma empresa fornecedora da saúde pública.
Felizmente o Poder Legislativo tem constituída uma Comissão Temporária, que deveria ser convertida em Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que, além de proporcionar maior celeridade e autonomia para seus membros possam agir com o devido rigor na fiscalização da aplicação do dinheiro público, mais agora, com a pandemia onde União, Estados e municípios estão com a arrecadação comprometida em razão da paralisação do planeta devido a luta, por enquanto sem horizonte, para estancar o avanço do coronavírus, que tem a resistência igual ou superior a políticos corruptos que se proliferam como uma “pandemia” para desespero da população.
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