Agência Brasil
Publicada em 24/04/2020 às 15h28
O futebol está voltando a despertar em meio à pandemia do novo coronavírus (covid-19), mas o sentimento de esperança entre os jogadores de equipes que retornaram aos treinos fica misturado à preocupação de saber se o retorno às atividades está sendo muito cedo e a incerteza de como manter os atletas seguros.
Em compasso de espera desde meados de março, muitas ligas europeias tem a expectativa de retornarem às atividades nos próximos dois ou três meses, sem a presença de público, e os treinos já começaram na Alemanha e na Áustria. No entanto, o reinício continua cercado de dificuldades.
A Liga de Futebol da Suíça disse que um reinício bem-sucedido, sob supervisão científica e com um conceito de gerenciamento de riscos, poderia permitir que o futebol “enviasse um sinal de que é possível retornar a algo mais próximo da normalidade”.
Várias ligas ao redor do mundo produziram protocolos médicos para treinamento.
Geralmente, eles envolvem testes completos dos jogadores para garantir que os atletas não sejam infectados e dividem as equipes em grupos de seis, seguindo as diretrizes de distanciamento social.
No entanto, muitos detalhes para garantir o reinício das competições, como se as equipes precisariam ser isoladas até o fim da competição e o que fazer no caso de um jogador testar positivo, permanecem obscuros.
“Não é necessário que, no caso de um jogador ou técnico ser infectado, a rodada inteira tenha que parar ou que as coisas parem novamente por duas ou três semanas”, declarou o diretor esportivo do RB Salzburg, Christoph Freund.
O Campeonato Alemão pode ser a grande cobaia, pois é aquela, entre as principais ligas, que está mais perto de voltar. Como outras ligas, só pode começar com autorização do Governo.
Na última quinta, os organizadores do Campeonato Alemão afirmaram que os jogadores serão monitorados por um funcionário da área da saúde da equipe e terão testes regulares.
No caso de infecção de um jogador haverá uma sinalização às autoridades responsáveis. A equipe, no entanto, não seria automaticamente colocada em quarentena.
Geoff Dreher, professor-assistente da Faculdade de Medicina da Universidade Johns Hopkins, disse que não havia muito sentido em reiniciar as competições se um único caso resultasse em uma liga inteira sendo interrompida novamente, enquanto outras perguntas também precisariam ser respondidas.
“Caso, no time da casa, alguém fique doente, o que você faz? Se a infecção acontecer na equipe visitante, e os atletas estiverem viajando, como agem e retornam ao local onde moram?", questionou em entrevista à Reuters.
“Eles ficarão felizes com uma quarentena em potencial, com o isolamento de amigos e familiares (...) por um longo período de tempo? Essa é uma grande questão”, acrescentou.
“Caso um dos meus companheiros de equipe pegue o vírus, posso continuar jogando?”. Esta é, segundo Dreher, uma das inúmeras questões a serem respondidas ainda.
Mais de 2,7 milhões de pessoas já foram infectadas pelo novo coronavírus em todo o mundo, com o registro de mais de 194 mil mortes.
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